Ágora.EstudosClássicosemDebate20(2018)379‐423—ISSN:0874‐5498
C.Morais,L.Hardwick,andM.deF.Silva, (Eds.). (2017).Portrayalsof
Antigone in Portugal 20th and 21stCenturyRewritings of theAntigone
Myth. Leiden: BrillAcademic Pub., Series:Metaforms, Studies in theReception of Classical Antiquity, Vol 9. Hardcover: 361 pages. ISBN‐
10:900434005X;ISBN‐13:978‐9004340053
MARIAFERNANDABRASETE1(UniversidadedeAveiro—Portugal)
SobachanceladaprestigiadaeditoraBrillAcademicPub.,ovolume
emepígraferepresentaoculminardeumalongaeaturadainvestigaçãoem‐
preendidaporacadémicosdevárias instituiçõesuniversitárias,nacionaise
internacionais, sobreasdenominadasAntígonasportuguesas.É inegávelo
valorcientíficoeaimportânciadapresenteobra,centradanareceçãodomito
deAntígonanadramaturgiaportuguesadosséculosXXeXXI,comomérito
acrescidodese tratardeumapublicaçãoem língua inglesa,acessível,por
isso,aumpúblicoleitormuitodilatado.
Vale a pena referir que, sobre a temática em apreço, fora já
desenvolvido,emPortugal,Espanha,FrançaeReinoUnido(nomeadamente
emOxford)um sólido trabalhode investigação quedeu origem a várias
publicaçõesinternacionais(citadas,nap.2daIntroduction).Nonossopaísem
particular,remontamaoanode2001,duaspublicaçõesespecíficasquerastre‐
aram e analisaram asvárias reescritasdramatúrgicasdomitoda filhade
Édipo: a obra Representações de teatro clássico no Portugal Contemporâneo,
coordenadaporMariadeFátimaSousa eSilva,que,noVolume II (2001,
pp.40‐80),davanotíciadasrepresentaçõesdeAntígonas(sofocliana,portu‐
guesaseestrangeiras)nospalcosnacionais,aolongodoséculoXX;eosuple‐
menton.º 1da revistaÁgora.EstudosClássicos emDebate, coordenadopor
CarlosMorais,comosugestivotítuloMáscarasPortuguesasdeAntígona,que
compreendia,pelaprimeira vez, sete estudosde conceituados classicistas
portuguesessobreseispeçasdedramaturgosnovecentistas.Comoseriade
esperar,ainclusãodessesestudosnaobraemapreçoimplicouumareformu‐
laçãocondizentecomosobjetivoseaorganizaçãodestapublicaçãoemlíngua
inglesa.
Muitofelizeexpressivafoiaopçãodeseinserirnacapaduradolivro
ailustraçãodeumarepresentação,ocorridaamaiode2003,dapeçaAntígona
1[emailprotected].
380
Recensõesenotíciasbibliográficas
Ágora.EstudosClássicosemDebate20(2018)
—glosadatragédiadeSófocles,deAntónioPedro,levadaàcenapeloTeatro
ExperimentaldoPorto(TEP).Noseutodo,aobradáprovasdeumesmerado
trabalhodeedição,pautadoporgranderigorcientíficoemetódico,levadoa
cabopelaProfessoraEméritadaUniversidadedeOxford,LornaHardwick,
umaespecialistaderenomenodomíniodosestudosdereceçãoclássica,em
colaboraçãocomosdoisclassicistasportugueses,quemaissetêmdedicado
aoestudodareescritacontemporâneadomitodeAntígona:CarlosMorais,
ProfessordaUniversidadedeAveiro,eMariadeFátimaSilva,Professorada
UniversidadedeCoimbra.
Novaliosoestudointrodutório(pp.1‐10),assinadopelostrêseditores,
enquadra‐seomitodeAntígona,em linhassucintas,no teatroateniensedo
séculoVa.C,pararealçaraautonomiaqueoseucarátergranjeounatragédia
homónima de Sófocles, fazendo‐se depois referência aos quatro principais
mitemas(dosseisestabelecidosporFraise(1973))quesustentamasapropri‐
açõesalegóricasdomitoemPortugal.Atendendoaonúmerosignificativode
peçascontemporâneas inspiradasnafiguramodelardafilhadeÉdipo,bem
comoaospertinentesestudosqueclassicistasportugueseseestrangeiroslhe
dedicaram,entenderamoseditoresqueaproduçãodestevolumesejustificava,
nãosópelointeressequeatemáticatemdespertadonacomunidadeacadémica
aolongodasúltimasdécadas,mastambémportornaracessívelaumpúblico
maisalargadooinegávelvalordasreescritasdomitodeAntígonanadrama‐
turgiaportuguesa contemporânea, inspiradasno arquétipo sofocliano,mas
ondesefundem,porvezes,outrasfontesmaisrecentes,devidoaumfecundo
processodecontaminatio.Asoportunasreferênciassinópticasàestruturado
livro, completadas depois por uma excelente contextualização das onze
recriaçõesdramatúrgicasdo“motivo”deAntígonaemPortugal,constituem
umoutroméritodaparteintrodutóriodopresentelivro.
Dezoitoensaiosdãocorpoaoutrostantoscapítulosqueseencontram
distribuídosporduaspartes:I.“MainSources”,(pp.13‐109);II.“Portuguese
ReceptionofAntigone(20th‐21stCenturies)”,(pp.111‐312).
A secção inicial “Main Sources” compreende seis estudos sobre as
fontes.Aabrir,umestudosobreohipotextogrego, intitulado“Sophocles’
Antigone” (pp. 11–26), onde Rosa Andújar e Konstantinos Nikoloutsos,
depoisde contextualizaremapeça ede realçaremaatitude inovadorade
Sófoclesemfacedaconhecidatradiçãomítica,analisamtrêstemasqueconsi‐
deram ser osmais influentes na receçãomoderna, e particularmente nas
Recensõesenotíciasbibliográficas
381
Ágora.EstudosClássicosemDebate20(2018)
reescritas portuguesas e brasileiras: “Tiranny and Oposition to Power”,
“Death and Isolation”, “Divine Law and Secular Order”. No capítulo
seguinte,LornaHardwick,sobomesmotítulodadoaovolumeemrecensão,
“PortraitsofAntigoneinPortugalandBrazil:TheReceptionofAntigonein
the 20th and 21st Centuries” (pp. 27‐42), começa por evocar a presença
regularqueasrepresentaçõesdedramasGregostiveramnospalcoseuropeus
eamericanosdoséculoXIX.Seguidamente,procedeaumanotávelanálise
interpretativa das “múltiplas avenidas” (p. 33) que se entrecruzaram no
complexoprocessodereceçãodapeçaemtodoomundo,sebemquecom
especialincidêncianaEuropa.Nasendadeoutrosconsagradosespecialistas
quecita,postulaaideiadequearetomadotemadeAntígonateráoriginado
um “novo humanismo” (p. 36) com caraterísticas universais, um modo
peculiardeohomemsepensarcriticamentenasmaisdiversasáreasdavida.
Ostrêscapítulosqueseseguemapresentamumareflexãocríticasobre
o temadeAntígona nadramaturgia francesamoderna e contemporânea,
atendendo à influência que essas reescritas exerceram nos autoresportu‐
gueses.Nocapítulo3,oestudodeStéphanieUrdicianofereceumasíntese
muitopertinente e rigorosamente fundamentadada “geneologiadeAntí‐
gona”nadramaturgiafrancesa,comooprópriotítuloanuncia:“Antigone’s
French Genealogy” (pp. 43–56). No ensaio deMaria do Céu Fialho, no
capítulo 4, intitulado “JeanCocteau andOedipus’Daughter” (pp. 57‐71),
discute‐se,numaanálisebem contextualizada edocumentada,a recriação
inovadoradodestinotrágicodafilhadeÉdipo,numaAntigoneinspiradaem
Sófocles,mas provocadoramente distanciada das leituras tradicionais do
mito.Igualmentenoâmbitodadramaturgiafrancesa,oensaiodeMariade
FátimaSilva,sobotítulo“JeanAnouilh’sAntigone:AFree“translation”of
Sophocles”(pp.72‐89),recuperaoutraAntígonafrancesaemblemática:ade
Jean Anouilh. A reflexão da A. incide sobre as novidades que Anouilh
introduziunasua reescritada tragédiagrega,paraqueossignificadosdo
mitoseajustassemàépocadedecadênciaedepós‐guerraqueentãosevivia
emFrançaenaEuropa.Oúltimocapítulodaprimeirasecçãodolivro,tem
comoautoresdois especialistas espanhóisbem conhecidosnoâmbitodos
estudosdereceçãoclássica,AndrésPociñaeAuroraLópez,quefocamasua
análisenapeçaescritaporumafilósofaespanholaderenomeinternacional:
MaríaZambrano.Assim,noestudo“SevenReflectionsonMaríaZambrano’s
LaTumbadeAntígona (Antigone’sTomb)”, (pp.90‐109),apeça,originaria‐
382
Recensõesenotíciasbibliográficas
Ágora.EstudosClássicosemDebate20(2018)
mentepublicadanoMéxicoem1967,éanalisadacombaseemsetetópicos:
“Studies before 2012”, “An Unacceptable Negleted”, “Na Essentially
DramaticText:AntigoneinMariaZambrano”,“LaTumbadeAntigonaasa
DramaticText”,“Characters,Monologues,Dialogues”,“AntigonaConfron‐
tingPower:TheTimeofAntigoneandtheTimeofZambrano”e,porúltimo,
“MariaZambrano’sAntigoneandSomeLaterOthers”.Osautoresconcluem
oseuestudoexpressandoaopiniãodequeépossíveladmitirainfluênciada
Antígona de Zambrano em duas peças portuguesas: Perdição, de Hélia
Correia,eAntesqueaNoiteVenha,deEduardaDionísio.
Asegundaeúltimasecçãoéinteiramentededicadaàsonzereleituras
dotemadeAntígonanadramaturgiaportuguesa,queabrangemosséculos
XXeXXI.Os12capítulosqueacompõemapresentam‐nosestudossobredez
peçasdeoitoautoresportugueses,publicadase/ourepresentadas,maiorita‐
riamente,aolongodoséculoXX,alémdarecriaçãofílmica,deJoãoCanijo,
emGanharaVida(2001).
Como esclarecem os editores na “Introdução”, a organização dos
capítulossegueaordemcronológicadostextos(p.4),apesardeaobracine‐
matográficade JoãoCanijoaparecer localizadanadécadade60,porqueo
argumentodofilmeseenquadranocontextodaemigraçãoportuguesaque
marcouessaépoca.
Naimpossibilidadededarconta,numtextoderecensão,dariquezade
conteúdocontidaemtodososestudos,limitar‐me‐eiaindividualizarascon‐
tribuiçõesdosváriosautores,fazendoapenasbrevesreferênciasàspeçase
aostemastratados.
Tendoemconsideraçãooproeminentesignificadopolíticodequeo
mito de Antígona se revestiu no tempo da ditadura salazarista, os sete
primeiroscapítulos(7‐13)incidemsobreaanálisedas“peçasderesistência”
deAntónioSérgio(1930,c.1950,1958),JúlioDantas(1946),AntónioPedro
(1953)eMárioSacramento(1958).
CarlosMoraisapresentatrêsestudosmuitobemcontextualizados,que
denotamumareflexãoprofundaesistematizada,sobreasduasprimeirasAn‐
tígonas portuguesas do séculoXX: “António Sérgio’sAntígona: “a social
studyindialogueform””(pp.111–139);e“AntónioSérgio’sAntigoneRevi‐
sited: Two Invectives against the Salazar Dictatorship” (pp. 140‐159) e
“TakingLiberties:AntónioPedro’sRecreationofAntigone” (pp.175‐191).
Uma importante análise do enquadramento estético‐teatral da peça de
Recensõesenotíciasbibliográficas
383
Ágora.EstudosClássicosemDebate20(2018)
AntónioPedro,Antígona:GlosanovadatragédiadeSófocles,representadapela
primeiravez,eaclamadapelacrítica,em1954,éposteriormenteapresentada
por InêsAlvesMendes,em“AntígonabyAntónioPedro:Dialogueswith
EuropeanAestheticCurrents”(pp.192‐206).Oregressoaomitonodramade
JúlioDantasmereceumexamerigorosoebemfundamentado,daautoriade
MariadoCéuFialho,numensaiointitulado“JúlioDantas’Antigone:Orthe
MartyrofLateRomanticism”(pp.160–174).Retomandoasreescritasdestes
dois autores,Mariade Fátima Silva concentra a sua análisena figurado
tirano,no ensaio intitulado“Creon, theTyrantofAntigoneonStage:His
Reception in Júlio Dantas and António Pedro during the Portuguese
Dictatorship” (pp. 207‐221), em que se propõe investigar o paralelismo
existenteentreoarquétiposofoclianoeasrepresentaçõesportuguesasdessa
personagemprofundamente simbólicanoperíododaditadura salazarista.
Umprocessode reescritado temadeAntígonamaisdistantedomodelo
sofoclianotransformaapeçaemumatodeMárioSacramentonumdramade
pendor filosófico, em que a resistência se torna um elemento dramático
duplamente significativo, como procura demonstrar o estudo, intitulado
“Antigone:CodeName–MárioSacramento’sOne‐actPlay”(pp.222‐238),da
autoriadeMariaFernandaBrasete.
Nocapítulo13,“’LikeaGhostofAntigone’:GanharaVida(Getalife),
by João Canijo” (pp. 222–238),Nuno Simões Rodrigues empreende uma
análisedofilmeportuguês,descritopeloprópriodiretorcomo“aghostof
Antigone”(p.240),eemqueopathosdaprotagonistacontrastacomaatitude
resignada dos seus congéneres emigrantes portugueses da década de 60,
numahistóriaquetrazàlembrança,sebemdeumaformaindiretaesimbó‐
lica,atradiçãomitográficaetrágicadeAntígona.
OexcelenteensaiodeÁliaRosaRodrigues(“Antigone,Daughterofthe
D’Annunzian Oedipus. The Oedipus Trilogy (1954) by Castro Osório”,
(pp.251‐264))dáaconhecerumaoutraAntígona(1954)portuguesa,integrada
naTrilogiadeTróiadeJoãoCastroOsório.ComodeclaraaA.,oseuobjetivo
principal é analisar os traços absolutamente singulares que marcam esta
recriação domito, numapeça que nunca alcançou opalco,demonstrando
“how theclassicparadigma isconsidered tobe themodel for the so‐called
“NewHumanism” ou “New Era”, a twenties fashionable European ultra‐
nacionalism topicwhich is also present throuhoutCastroOsórios’swork”
(pp.251‐2).
384
Recensõesenotíciasbibliográficas
Ágora.EstudosClássicosemDebate20(2018)
Nos dois capítulos que se seguem, respetivamente intitulados
“Antigone,FruitofaTwistedVine:HéliaCorreia’sPerdição”(pp.265–284)e
“ABrief“Antigone”:EduardaDionísio’sAntesqueanoitevenha(BeforetheNight
Comes)”,(pp.285–30),MariadeFátimaSilvaocupa‐sededuaspeças,escritas
pormulheres,ecujasheroínas femininasseapresentammuitosdiversasda
Antígonareferencial.Ambasaspeçasforamobjetoderepresentação,masterá
sido a de EduardaDionísio (Antes que a noite venha) a quemaior sucesso
alcançounospalcosportugueses.Poroutrolado,odramadeHéliaCorreia,
umaadmiradora incondicionaldoantigo teatroclássico, revelauma leitura
muitoatentadamatrizsofocliana,masempreendeum“exercício”dramatúr‐
gicoquenadatemdeconvencional,ecujaprotagonistaérecriadadeummodo
absolutamenteinovador,combasenumabemtecidamalhadeintertextuali‐
dadeemquealiçãodomitogregosefundecomoutrasleiturasmaisrecentes,
possivelmenteprovenientesdasversõesdeAnouilhedeMaríaZambrano.
Noúltimo capítulo (“MythandDystopia:AntígonaGelada (Frozen
Antigone) by Armando Nascimento Rosa”, pp. 305–312),Maria do Céu
FialhoprocedeaumaanálisedeumaúltimaAntígonaportuguesa:apeçade
ArmandoNacimentoRosa, intituladaAntígonaGelada(2007).Apesardese
pressentirnestedramaapresençadatradiçãomitológicamilenar,trata‐sede
uma releitura “futurista”domitodeAntígona, simbolicamenteprojetado
numa(ante)visãodistópicaedesumanizadadostemposvindourosemqueo
imaginárioutópicosealiaàficçãocientíficanumahistóriaambíguaemque
odestinomíticoparececongelado.
Na“Conclusão”(pp.313‐15),oseditoressalientamaimportâncialite‐
rária,estética,ideológicaeteatralqueomitodeAntígona,imortalizadopor
Sófocles,alcançounopanoramadadramaturgiaportuguesacontemporânea,
eemespecialoindiscutívelvalorsimbólico‐políticoqueconquistoudurante
operíododeditaduradoEstadoNovo.Fazendoumaapreciaçãoclaramente
elogiosa desta obra, que oferece ao leitor uma visão rigorosa das várias
“máscaras”dasAntígonasportuguesas,oseditoresfinalizamcomaideiade
quesejacomo“resistente”,como“mártir”ousimplesmentecomo“mulher”,
Antígonapermanecerácomo“opêndulodomundo”,citandoaspalavasde
MargueriteYourcenar.
Aenriquecerestaobraeafacilitarasualeituraporpartedopúblico
especializadooudoleitorcomum,encontra‐se,nofinaldovolume,ummuito
útilAppendixque compreendeuma “Cronologiadas recriações, edições e
Recensõesenotíciasbibliográficas
385
Ágora.EstudosClássicosemDebate20(2018)
performances” (pp. 316‐320), seguida de uma Bibliografia seleta única,
repartidaem“Editionsandtranslations”,“RewritingSophocleanAntigone”
e“Websites”.A fecharo livro,dois Índices cuidadosamente elaborados e
apresentados:umIndexLocurum,seguidodeum“IndexofSubjects”.
Noseuconjunto,estaobra,primorosamenteorganizada,impõe‐seno
domíniodosestudosdereceçãoclássicapelorigorcientíficocomqueatemá‐
ticacativantedaescritaerescritadramatúrgicasdomitodeAntígona,um
dosmais fascinantes e paradigmáticos do imaginário ocidental, é ampla‐
mentetratada.Aqualidadedosestudosapresentadosemlínguainglesa,que
revisitamcomnotávelentusiasmoeprofundidadedeanáliseadramaturgia
portuguesadosséculosXXeXXIsobreomitodeAntígona,parecejustificar
quenovosespaçosdereflexãocríticaedepartilhadesaberes,comooquese
regista nestas 361 páginas, possam originar a outras edições em língua
inglesae,assim,fascinarosmaisdiversosleitores,aquémealém‐fronteiras.
M.F.Silva,M.C.Fialho, J.L.O.Brandão, (Eds). (2016).LivrodoTempo:
Escritasereescritas.TeatroGreco‐Latinoesuarecepção.Vols.IeII.Coimbra
—SãoPaulo:ImprensadaUniversidadedeCoimbra—Annablume.379+
466pp.;Vol.I:ISSN978‐989‐26‐1277‐5;DOI:https://doi.org/10.14195/978‐989‐
26‐1278‐2;Vol.II:ISSN2182‐8814;DOI:https://doi.org/10.14195/978‐989‐26‐
1298‐0
MARIAFERNANDABRASETE2(UniversidadedeAveiro—Portugal)
Os volumes em epígrafe, publicados naColeçãoHumanitas Supple‐
mentum,apresentam53estudosdeautoresportugueseseestrangeiros,sobre
uma temática duplicada— o teatro greco‐latino e a sua receção— de
interessereconhecidoemuitoatual,nodomíniodosestudosclássicos,quer
nopanoramanacionalcomo internacional.Adecisãodedividirosnume‐
rosos estudos por dois volumes é explicada pelos coordenadores na
“Apresentação”,colocadanoiníciodoVol.I(p.15).Oscritériosbasearam‐se
nofactodeamultiplicidadedecontributosserepartirementreanálisesde
textosdoantigoteatrogreco‐latinoeestudossobreasuareceção,numarco
cronológicoqueseexpandeatéaosnossosdias.Alémdocontributoespe‐
cíficotrazidoporcadaumdoscolaboradores,ressaltanosdoisvolumesuma
convergência inabitualdediferentestiposdeabordagem—filológica, lite‐
2[emailprotected].
386
Recensõesenotíciasbibliográficas
Ágora.EstudosClássicosemDebate20(2018)
rária,dramática,comparatista,dereceção,etc.—depeçasefigurasdatragé‐
diaecomédiagreco‐latinas,emquenãoforamdescuradasquestõesdeíndole
teatral.Aamplitudedeestudosfocadosnoprocessodereescritaoureposição
depeçasantigasabrangediferentesépocas,sebemqueamaiorparteincida
sobre a nossa contemporaneidade. Também de assinalar o mérito de o
segundovolumecongregarocontributode investigadoresseniorese juni‐
ores,numamplolequedeestudosdereceçãodoteatrogreco‐latino,queen‐
volvesetepaíses:Portugal,Espanha,América,Itália,França,ReinoUnido.
Assim,umadasmaioresriquezasdaobrareside,precisamente,naenorme
pluralidadedeperspetivasdeanáliseadotadas,queremrelaçãoaostextos
clássicos,quernodiálogo incessantequese instituiu,ao longodosséculos
entreatragédiaeacomédiagreco‐romanaseasliteraturasdomundoociden‐
tal,comespecialpredominânciaparaaseuropeiaselatino‐americanas.
Sobo títulosugestivoLivrodoTempo:Escritas e reescritas,oprimeiro
volumeapresentaumconjuntode22estudos,justificadamentedistribuídos
porduasrubricas:“TeatroGregoe“TeatroLatino”.Incluiaindaummuito
útilIndexdeautorese textoscitados,seguidodeumaoportuna“Apresen‐
taçãodosautores”afinalizar.
Nestaprimeirapartedaobra,dedicadaà“escrita”,ouseja,aostextosdo
teatrogreco‐latino,devemdestacar‐seostemaseasmetodologiasdeanálise,
bemcomoadiversidadedeabordagensutilizadasnoestudodeumnúmero
significativodepeçasdos autoresgregos e latinos (predominantementede
Eurípides,mas tambémdeAristófanes,dePlautoedeSéneca).Muito rele‐
vantesparaumamelhorcompreensãodoantigoteatroclássico,serevelamos
diversos temase figurasescolhidosparaobjetodeanálisee reflexão.Entre
questõestemáticasmaisamplas(como“teatro,mitoepolítica”,“narrativado
passado”,“motivosdeumamordesgraçado”,“comédiavs.tragédia”,“otopos
doVoyeurismo”,“etnicidade”,“ousodaironia”ou“dissoluçãodotrágico”)e
aanálisedefiguras,principaisesecundárias,(nomeadamente,Egisto,ovelho,
oservoancião,FedraeHipólito,Héracles,Helena,Agave,Medeia),contam‐se
aindaestudosmaisespecíficos,comoéocasodeumque incidesobreuma
recentedescobertapapirológica(otextofragmentáriodeumapeçadesconhe‐
cidadeEurípides,intituladaIno),deumoutrosobreatragédiacristãChristos
Paschon,oudapertinentereflexãosobreadimensãosemânticadoatortrágico,
baseadanaPoéticaenaRetóricaaristotélicas.Alémdetodososcapítulos,nasua
amplitudetemática,ofereceremaoleitorumconspectoilustrativoerigorosa‐
Recensõesenotíciasbibliográficas
387
Ágora.EstudosClássicosemDebate20(2018)
mente fundamentadodavitalidadequeosestudos clássicosdesfrutamnos
nossosdias,apresentamainda,nofinal,umabibliografiabemselecionadae
pertinentesobreasrespetivastemáticas.
Na impossibilidadede se comentarem todososestudosnestabreve
recensão,parecejustificar‐sequesem*ncionemos22autoresqueretomaram
ouabriramnovoscaminhosaquestõesatinentesaoteatrogreco‐latino.Os
seusnomesseguemaordemapresentadano livro: JoséVte.BañulsOller,
AndreaNavarroNoguera,CeciliaAmes,FábiodeSouzaLessa,MariadoCéu
Fialho,DelfmF.Leão,AndrésPociña,GiorgioIeranò,FranciscaGómezSeijo,
Carmen Morenilla, María Cecilia Colombani, Juan Tobías Nápoli, P. J.
Finglass,PaulaBarataDias,CarolinaReznik,FrancescoDeMartino,Vivian
LorenaNavarroMartínez,JoanaBárbaraFonseca,RenatoRafaelli,JoséLuís
L.Brandão,RománBravoDíaz,C.AriasAbelláneAldoLopesDinucci.
Significativamente mais volumoso, o tomo II da presente obra
compreende31 capítulosdedicadosa estudosde receçãodo teatrogreco‐
romano,fazendojusàdesignação“reescrita”quefiguranotítulo.Osestudos
agrupam‐seemfunçãodasdiferentesnacionalidadesdosautoreseobrasque
foramobjetodeestudo,esegue‐seumaordenaçãocronológica.Assim,na
primeirasecção,dedicadaà“ReceçãoemPortugaleemEspanha”,osdois
capítulos iniciais ocupam‐se do Teatro de Gil Vicente e de uma Electra
praticamentedesconhecida, escritapeloÁrcadeportuguês FranciscoDias
Gomes.Osrestantesestudosqueintegramestaprimeiraparteincidemsobre
autoresepeçascontemporâneas(séculosXXeXXI).Noâmbitodasliteraturas
dramáticasportuguesa,galega,espanhola,argentina,venezuelana,italiana,
francesae inglesa,osensaiosdos investigadores,nacionaiseestrangeiros,
analisamumaamplavariedadedeaspetosdereceçãoclássica,emparticular
questõesdeintertextualidade,emobrasselecionadasdosseguintesautores:
Carlos Jorge Pessoa (Escrita da água: no rasto de Medeia); Hélia Correia
(Desmesura. Exercício comMedeia),GonçaloM. Tavares (Alceste); Salvador
EspriueJoséBergamín(Antígona);JuanTimoneda(traduçãodoAnfitrião,de
Plauto);R.OteroPedrayo(ALagarada);RicardoCarvalho‐Calero(Asombrade
Orfeu); LourdesOrtiz (Fedra);Andrés Pociña (Unha tardiña enMitilene e
Antígonafrentealosjueces);ConstanzaMaral(Alládondefuéramos);SergioDe
Cecco (ElReñidero); JuanOscarPonferra (El carnaval del diablo);Omardel
Carlo (Electra al amanecer); Alberto de Zavalía (El límite);MarianoMoro
(Matarásatumadre);MarceloMarán(Antígona1‐11‐14delBajoFlores);Ariel
388
Recensõesenotíciasbibliográficas
Ágora.EstudosClássicosemDebate20(2018)
Dorfman (Purgatorio); León Ezequiel Febres‐Cordero (El últimominotauro,
cl*temnestraePenteo)Vicofa*ggi(UncertogiornodiuncertoannoinAulide);
PatriziaMonaco(CondominiomitológicoePenelopeide);MargueriteYourcenar
(LeMystèred’Alceste);Shakespeare(TwelfthNight).Desalientaraindaquetrês
dosensaiospublicadosnestevolumesedistinguemdosrestantesporuma
abordagemdecarizinterdisciplinar,comoéocasodareflexãosobrequestões
de encenação teatraldas comédiasdeTerênciona atualidade,ou sobre a
figuradeAriadnenaóperaArianeetBarbe‐Bleu,deMaeterlinck,semesquecer
o estimulante cotejodo topos trágicodo sacrifíciode Ifigénia com a série
televisivanorte‐americanaGameofThrones.
Adiversidadede obras, rigorosamente contextualizadas, aprofundi‐
dadedasanálises,queseapresentambemfundamentadasemautoresantigos
emodernos,bemcomoaabundânciadetopoiexaminadosnãopermitemque
se teçam algumas considerações,mesmo que breves, sobre cada um dos
estudosque compõemo livro em recensão.Não faltarãomotivosde entu‐
siasmoaoleitorparausufruirdestasreflexõesqueconstituem,semsombrade
dúvidas,umtestemunhosubstancialemuitoprofícuosobreaperenidadedo
teatro greco‐latino, aquém e além‐fronteiras.O elenco de autores deste II
volume é também notável e congrega várias nacionalidades: Andrés José
PociñaLópez,MariaFernandaBrasete,SusanaHoraMarques,MariaAntónio
Hörster&MariadeFátimaSilva,JorgeDeserto,CarlosMorais,María Jesús
Pérez Ibáñez,CarmeFernándezPérez‐Sanjulián,MariaPilarGarciaNegro,
Aurora López,M.ª Teresa Amado Rodríguez,Noelia Cendán Teijeir, Iria
Pedreira Sanjurjo,María InésGrimoldi,Rómulo Pianacci, LíaGalán,Ariel
Arturo Herrera Alfaro, Concepción López Rodríguez, Aníbal A. Biglieri,
StéphanieUrdician,MaríaInésSaravia,BegoñaOrtegaVillaro,CarlosDimeo,
DanieleCerrato,MercedesArriagaFlórez,RobertoTrovato,MilagroMartín
Clavijo,PascaleAuraix‐Jonchière,RémyPoignault,MónicaMafíaeFernanda
BorgesdaCosta.
Muitomaissepoderiadizersobreopreciosoconteúdodestesdoisencor‐
padosvolumes(825páginas,nototal)quenoschegamsobumafelizconceção
gráfica, que é, aliás, apanágiodesta valiosa série editadapor Imprensada
Universidade de Coimbra‐Annablume.As contribuições de vários autores
permitem que se reúnam, nestes dois livros, um conjunto de perspetivas
diversificadase inovadorassobrea“escrita”e“reescrita”do teatroclássico,
gregoelatino,quesecomplementameconstituemumexcelenteexemplodos
Recensõesenotíciasbibliográficas
389
Ágora.EstudosClássicosemDebate20(2018)
objetivosquesepodemalcançarapartirdeumacolaboraçãofrutíferaentre
investigadoresdediferentespaíseseinstituiçõesuniversitárias.
Porúltimo,háque felicitaros editoresdestaobra,MariadeFátima
Silva,MariadoCéuFialhoe JoséLuísBrandão,osautoresdosexcelentes
estudosqueacompõemeaImprensadaUniversidadedeCoimbra,muitas
vezesemassociaçãocomaeditorabrasileiraAnnablume,pelo importante
trabalhode edição edivulgaçãode livros tão importantes como estes,na
sempreatualáreadosestudosclássicos.
C.Pimentel eP.Mourão (Coords.). (2017). ALiteraturaClássica ou os
Clássicos da Literatura. Presenças Clássicas nas Literaturas de Língua
Portuguesa. Vol. III. Lisboa: Editora Campo da Comunicação, Coleção
Documentos.412pp.;ISSN:978‐989‐6465‐35‐1;978‐989‐6465‐40‐5.
MARIAFERNANDABRASETE3(UniversidadedeAveiro—Portugal)
Estenovovolumesurgeemcontinuidadededoisoutroslivrosdeatas,
editadosrespetivamenteem2012eem2014,econsistenumacoletâneade
ensaios,frutodo“IIIColóquioInternacionalAliteraturaclássicaouosclássicos
na Literatura”, que decorreu na Faculdade de Letras daUniversidade de
Lisboa,entreosdias2e4dedezembrode2015.Acoordenaçãocientífica
destacoleçãomantém‐seacargodasProfessorasDoutorasCristinaPimentel
ePaulaMorão,responsáveistambémpelaorganizaçãodaterceiraediçãodo
Colóquioqueteveporobjetivopromoverumareflexãocríticaemtornoda
receçãodaAntiguidadegreco‐latinanasLiteraturasPortuguesa,Brasileira,
GalegaedosPaísesAfricanosdelínguaoficialportuguesa.NobrevePrefá‐
cio,explicitamascoordenadorasqueadiversidadedeensaiosapresentados
confirma“opropósitoinicial[de]trilharasviasdofecundocruzamentodos
alicercesclássicosnaliteraturaportuguesadetodasasépocas”(p.8).Sendo
que 2017 foi o ano em que a academia portuguesa, e os classicistas em
especial,perderamumdos seusvultosdemaior renomenacionale inter‐
nacional, que dedicara a vida à celebração vivadosClássicos, a saudosa
DoutoraMariaHelenadaRochaPereira,decidiramasorganizadorashome‐
nagear,comestevolume,amemóriada“maiorclassicistaportuguesa”(p.8).
Nestaediçãodeelevadaqualidadecientífica,investigam‐seosmodos
comoseprocessamaalusãoliteráriaeaassimilaçãodematrizesdaAntigui‐
3[emailprotected].
390
Recensõesenotíciasbibliográficas
Ágora.EstudosClássicosemDebate20(2018)
dadeClássicanumnúmeromuitosignificativosdeescritoresportuguesese
brasileiros,emcujasobrasa intertextualidade,maisoumenosevidente,se
converte num relevante operador de leitura hermenêutica.O volume em
recensão compõe‐sede 29 estudos,que seguem a ordem cronológicados
autoresdeque seocupam, e termina comdois testemunhosvaliososdas
escritorasportuguesasTeolindaGersãoeLídiaJorge.
Aabrir,MariadoSocorroFernandesdeCarvalhoretomaautorescomo
Aristóteles,CíceroeQuintiliano,entreoutros,paradiscutir,deumpontode
vistaretórico,oconceitode“modelo”,numensaiointitulado“Introduçãoao
EstudodoConceitoRetóricodeModelo”(pp.9‐24).Em“Leiturasrenascen‐
tistasdeLuciano:oprólogodaComédiaAulegrafiadeJorgeFerreiradeVas‐
concelos” (pp.25‐35),MariaLuísadeOliveiraResendecentra‐se,especial‐
mente, na influência do escritor de Samósata na comédia renascentista
Aulegrafia, cujo prologizon éMomo, o deus do sarcasmo. Ricardo Nobre
(“Eperdoe‐meailustreGréciaeRoma”:sobreahistóriaantigan’OsLusíadas,
deLuísdeCamões”,pp.37‐49)estabeleceumacomparaçãoentreheróispor‐
tugueses e personalidades da Antiguidade Clássica n’Os Lusíadas, para
realçar o importante significado que este tipo de referências detém na
construçãodaepopeia.Em“ACenatípicadaCruz”(pp.51‐63),LuísMiguel
FerreiraHenriquesexamina,apartirdacenatípicadoestandarte,orecorte
“político, didático e moralizante” (p. 62) que o discurso historiográfico
adquiriu,sobinfluênciadosantigosromanos,naépocadoRenascimento.No
ensaio seguinte (“Umpoema aquatromãos:Faria e Sousa comentador e
poeta”,pp.65‐79),MariadoCéuFragadebruça‐sesobrepoesiabucólicade
Faria e Sousa, concluindoquena écloga Sintra “épossível reconhecerno
pastorAlmenoumafiguraalegóricadeCamões”(p.75).
AinfluênciaclássicaemdoisescritoresportuguesesdoséculoXVIIé
abordada nos dois ensaios que se seguem: aanálise deMarcelo Lachat
(“Aconsolação da poesia em sonetosmorais deD. FranciscoManuel de
Melo”,pp. 81‐91) incide sobre as repercussõesdosprincípiosda filosofia
estoico‐cristãemdoispoemasdomultifacetadoescritorseiscentista;oestudo
assinadoporArnaldoEspíritoSantoeCristinaCostaGomes(“Presençados
ClássicosnasCartasdeTomásdeFigueiredo,S.J.(1646‐1708)”,pp.93‐106)
apresentaumareflexãobemdocumentadasobre“ocruzamentodacultura
clássica[…]comavivênciaespiritualereligiosadoséculoXVII”(p.105).
Recensõesenotíciasbibliográficas
391
Ágora.EstudosClássicosemDebate20(2018)
TeodorodeAlmeidaeCândidoLusitanosãoosdoispoetasestudados
nos estimulantes ensaios de Zulmira Santos (“Asmargens do texto e a
herançaclássica:asegundaediçãodeOFelizIndependente”,pp.107‐121)ede
CíntiaMartinsSanches (“Aproduçãoea traduçãode tragédiasemdecas‐
sílaboportuguêseoestilotradutóriodeCândidoLusitanoparaoÉdipode
Sêneca”,pp.123‐134).
Tomam‐se,deseguida,comoâmbitodeestudo,obraseescritorespor‐
tuguesesdoséculoXIX.NoensaiodeAnaRitaFigueira(“OsAntecedentes
daGuerradeTróiaemBellaHelenadeMendesLeal”,pp.135‐145),foca‐sea
tradução livre da última versão do libretto da opereta romântica La Belle
Hélène,deOffenbach(1964),realizadapeloescritorportuguês,devidamente
contextualizada, numa análise intertextual e interdisciplinar que procura
redefinira figuradeHelena,combasenosparalelismosevariaçõesqueo
cotejodostextospossibilita.AmarcadainfluênciadacélebreOraçãodaCoroa
doatenienseDemóstenes,nasduasversõesportuguesas,constituiotemade
estudodeAbeldoNascimentoPenaem“Eloquênciae liberdade:Demós‐
tenes e a Oração da Coroa nas versões de Latino Coelho e de Vieira de
Almeida”,(pp.147‐167).Osecosclássicosnodiscursomemorialísticodetrês
obrasdeEçadeQueirós (CorrespondênciadeFradiqueMendes,ACidadeeas
Serras e o Conde de Abranhos) são avaliados de forma breve,masmuito
perspicaz, em “A presença da Antiguidade Clássica nos relatos memo‐
rialísticodaficçãoqueirosiana”(pp.169‐192),daautoriadeAnaPaulaPinto.
O “classicismo” que se descortina na poesia de Eugénio de Castro é
examinado na relação fecunda que estabelece com o “modernismo” por
MiguelFilipeMochila,em“PresençaevontadedoclassicismoemEugénio
deCastro”(pp.193‐206).
Apartededicadaà literaturaportuguesadoséculoXX inicia‐secom
doisensaiosdedicadosaFernandoPessoa.Oprimeiro,dePatríciaSoares
Martins,intitulado“AArenaPagãdoBarãodeTeive:ParaumaLeituradeA
EducaçãodoEstóicodeFernandoPessoa”(pp.207‐220)pretendeanalisarde
quemodoaobradomaisdesconhecidosemi‐heterónimodePessoaencena
“umateoriadotrágiconosentidoquelheconferiuHölderlin,istoé,deum
trágicosemtragédia,emprimeirolugar,efinalmente,deumadesconstrução
dotrágico”(p.219).Noseuestudo“Quandoregressamosdeuses?Parauma
teologiadasodesdeRicardoReis”(pp.221‐235),PedroBragaFalcãodivide
a sua pertinente discussão do elemento religioso na obra do heterónimo
392
Recensõesenotíciasbibliográficas
Ágora.EstudosClássicosemDebate20(2018)
pessoano em seis categorias para concluir que “vemos, então, no
neopaganismonãoexatamenteum“politeísmo”,masmaisprecisamenteum
“monismo”(p.234).
Osdois ensaios seguintes recuperamdoisnomesdegrande impor‐
tância no panorama literário do século XX, mas por vezes esquecidos:
Teixeira de Pascoaes e Aquilino Ribeiro. António Cândido Franco, num
sugestivo título “O Espírito Bárbaro Cristão e o Demónio Ciceroniano:
Aspectos de São Jerónimo de Teixeira de Pascoaes” (pp. 237‐243), traz à
discussãootoposdoanticlassicismonaobradoescritor,paraconcluirque“se
équeefectivamente existiuantes, entra em colapsodefinitivono livrode
1936” (p.239).Daanálisedas referências,apesardebreves,às figurasde
DáfnisedeCloe,noprimeiroromancedeAquilinoRibeiro,AVidaSinuosa
(1918),ocupa‐seCristinaAbranchesGuerreironoestudo,intitulado“Ecosde
DáfniseCloeemAVidaSinuosadeAquilinoRibeiro”(pp.245‐252).
Safoeas“Auroras”homéricassãoasduasreferênciasclássicasquedão
omote aos estudos seguintes. Em “Safo naGrécia, Faustino no Brasil: a
solidãodanoitealta”(pp.253‐266),MarinaPelluciDuarteMortozaintenta
descortinar ressonâncias temáticas da poesia sáfica na obra do poeta
brasileiroMárioFaustino.JánoartigodeTerezaVirgíniaBarbosa(“Auroras
emanhãs homéricas no Sertão deRosa (I)”, pp. 267‐276) se dá conta do
importante significado que detêm as revisitações homéricas do escritor
mineiro,especialmentenosepítetosefórmulasrelativasà“Aurora”,naIlíada.
OfascínioexercidopelafiguradamãedoimperadorNero,Agripina,
levaMariaJoséFerreiraLopesaretomarasfonteshistóricastradicionaispara
concentrarasuaanálise(“Cuiusestueritas?Doisrelatosmemorialistaspós‐
‐modernosdaImperatrizAgripina”,pp.277‐297)emduasobrascontempo‐
râneas:MemóriasdeAgripina(1993),deSeomaradaVeigaFerreira,eMémoires
d’Agrippine(1994),dePierreGrimal.
Seguem‐se três estudos dedicados à obra de Vergílio Ferreira.No
primeiro, assinado por Isabel Pires de Lima, e que se intitula “Vergílio
Ferreira:DeclinaçõesdapresençadosClássicos”(pp.299‐312),rastreiam‐se
algumas das influências/referências clássicas que atravessam a escrita
vergiliana. Numa senda análoga, e com o objetivo de sublinhar o
“desconforto” (p.313)queoescritordenotaem referirassuas influências
literárias,nomeadamenteclássicas,RosaMariaGoulart(“VergílioFerreira:a
culturados“poetasmortos”,pp.313‐321)procedeaumareflexãocríticaem
Recensõesenotíciasbibliográficas
393
Ágora.EstudosClássicosemDebate20(2018)
tornodainterrogaçãoqueconcluioseutexto:“VergílioFerreira:umclássico
olhandocominquietaçãoofuturoouum(pós)modernocomsaudadesdo
passado?(p.321).Noestudodeteorcomparatista,apresentadoporAnaSeiça
deCarvalho (“Sobreoenvelhecimento:visõesdemarcoTúlioCíceroede
Vergílio Ferreira num esboço comparatista”,pp. 323‐332),destacam‐se as
visõesdiferenciadasqueosdoisautoresapresentamdavelhice.
Partindodapremissadequenósnãoconhecemos,de facto,acultura
clássicaporqueelanoschegoupor“sucessivasmediaçõese interpretações”
(p.333), JoséPedroSerraapresenta‐nosumareflexãohermenêutico‐literária
sobreumromance“clássico”deMáriodeCarvalho(“Enquantoummundo
cai,Umdeuspasseandopelabrisadatarde”,pp.333‐344),estruturadaemtrêseixos
temáticos:“Olugar”,“Aépoca”e“Anarrativa:acçãoeconstruçãodosentido”.
Noestudo“CatástrofeeRuína–EntreSynésiusdeCireneeJoãoMiguel
FernandesJorge” (pp.345‐354),FranciscoSaraivaFinoexaminaa influência
exercidapelaobradofilósofogregoneoplatónicodoséculoIVa.C.naescrita
poéticadeFernandesJorge,comungandoambososautoresdeumaleiturado
tempocomoruína,numnívelsimultaneamenteontológicoematerial.
ApoesiadeNunoJúdiceocupaumespaçodereflexãonoensaiode
JoséCândidodeOliveiraMartins,em“MetamorfosesdeNarcisonapoética
deNunoJúdice”(pp.355‐366),estruturadoemtornodetrêseixostemáticos:
1. “Múltiplos reflexos deNarciso”, 2. “Figurações deNarciso emNuno
Júdiceʺ;3.“Imagensdemelancolia”.
Cruzando a poesia de Nuno Júdice com uma breve incursão na
literaturamoçambicana,RosaCosta,noseuartigo“ORegressoaosclássicos
em“Cantomarítimo”e“A infinita fiadeira” (pp.367‐375),apresentauma
reflexãosobrearetomadosclássicos,combasenumcontodeMiaCoutoe
numpoemadopoetaportuguês.
UmaViagemàÍndia,deGonçaloM.Tavares,constituiaobraemanálise
noestudodeAnaIsabelCorreiaMartins,intitulado“UmaViagemàÍndia:
itinerânciasmelancólicasdeum(anti)‐heróiclássico(pp.377‐387).Aanálise
desta “odisseia” metafísica do pensamento desdobra‐se em três itens
temáticos:“1.AmelancoliadeBloom:osheróistambémchoram?”;“2.Osloci
comunes clássicos e a hibridização do género”; “3.O(s) (des)Amor(es) de
Bloom:índiasnãocartografadasemmapas”.
Afinalizarasecçãodeestudos,“ARochaBranca,deFernandoCampos:
umaimagemheterodoxadeSafo?”,CristinaCostaVieira,depoisdeindagar
394
Recensõesenotíciasbibliográficas
Ágora.EstudosClássicosemDebate20(2018)
osprincipaismotivosda imortalidadedapoesiadeSafo, concentraa sua
análise emdois “imagotipos”, ada“glória literária” eado“suicídiopor
motivospassionais”noromancedeFernandoCampos,cujoargumentonos
transportaparaailhadeLesbosnoMarEgeu.
Porúltimo,afecharovolume,aparecemosTestemunhosdeduasescri‐
torasportuguesascontemporâneas,comumpercurso literáriodereconhe‐
cidomérito.TeolindaGersão evoca algumasdas suas obras, com grande
destaqueparaoromanceACidadedeUlisses,porformaaesclareceralgumas
das inevitáveis influências que asmatrizes clássicas exerceram, de forma
conscienteouinconsciente,noseufecundoprocessodeescritaliterária.Por
suavez,LídiaJorgeconfessaarelação,demaiordependênciaoudistancia‐
mento,etambémafetiva,quemantevecomessestextosmodelaresdaAnti‐
guidade, considerados “inaugurais […] e indispensáveis para o entendi‐
mentodaHumanidade”.Lamentandoqueseregiste,nostemposdehoje,um
certodesinteressepelaaprendizagemeconhecimentodaliteraturaecultura
clássicas,relembracomo,afinal,osmitosantigos,osvaloresdonossomundo,
ideaiscomoodaliberdadeedajustiçapovoamoimagináriocontemporâneo
ehabitamonossoespíritoenquantoserhumanos.
O volume, agora publicado sob a chancela da Editora Campo da
Comunicação,revela‐seuminstrumentodetrabalhomuitoútileoportuno,
noâmbitodosestudosdereceçãodaAntiguidadeClássicaemliteraturasde
línguaportuguesa.Pensadonãosóparaumleitorespecialista,temomérito
desetornaracessíveltambémaumpúblicomaisalargado.Noseuconjunto,
osensaioscoligidossãoinovadores,eéestimulanteaperspetivaçãoquenos
fornecem dos autores e temáticas abordados. Alguns dos estudos apre‐
sentam‐secomoumbompontodepartidapara investigaçõesmaisdesen‐
volvidas.
As referências bibliográficas, sempre organizadas por um critério
seletivo,aparecemlocalizadasnofinaldecadacapítulo.
Nota‐se, no entanto, a falta de um índice remissivo no final, que
permitaaoleitorumacessorápidoaautores,antigosemodernos,bemcomo
àsobrascitadas.
Para concluir, importa frisar que se trata de uma obra de grande
interesse para quem procure compreender a importância das matrizes
clássicasem literaturasde línguaportuguesa,econhecerasbasescorretas
paraainvestigaçãoeproblematizaçãodotema.
Recensõesenotíciasbibliográficas
395
Ágora.EstudosClássicosemDebate20(2018)
CarlosA.M.deJesus(2017).POESIAEICONOGRAFIA.Mito,desportoe
imagemnosepiníciosdeBaquílides.Porto:FundaçãoEugéniodeAlmeida.
ISBN:978‐972‐8012‐44‐1,540págs.
MARIAFERNANDABRASETE4(UniversidadedeAveiro—Portugal)
A obra em análise representa o ponto culminante de uma aturada
investigaçãorealizadapeloA.,noâmbitodadissertaçãodeDoutoramento
emEstudosClássicos,naespecialidadedeLiteraturaGrega,apresentada,em
2012,àFaculdadedeLetrasdaUniversidadedeCoimbra,sobotítulo“Poesia
e iconografia: omito nos Epinícios de Baquílides”, um estudo único em
línguaportuguesa,noâmbitodainvestigaçãorealizadaemtornodestepoeta
incluídonocânonealexandrino.Poderádizer‐sequeapublicaçãoquedeu
agora à estampa, sob o patrocínio da prestigiada Fundação Eugénia de
Almeida,setratadeumestudoaprofundado,inquestionavelmenteoriginal,
sobreestepoetalíricooriginárioCeos(talcomooseusobrinhoSimónides),
quecolocaemdiálogopoesiaeiconografiadeummodosingularíssimo,eem
línguaportuguesa.
ComoafirmaoA.naparteintrodutóriadovolume,quefigurasobo
título“Adentrar‐seemBaquílides”(pp.13‐18),apresenteopçãodecentrara
sua investigação, exclusivamente, nos textos dos epinícios que encerram
narrativasmais oumenos desenvolvidas de episódiosmíticos com valor
retóricoe funçãoparadigmática indiscutíveis, justifica‐sepela intençãode
realçaraideiadeque,entrepoesiaeiconografia,existe“umdiálogomaisde
colaboraçãodoquede imitação”(p.14)eambososregistosseconstituem
como“poéticasdomito,formasválidasdeocriarerecriar,comascarate‐
rísticas,valênciaselimitaçõesinerentesacadaum”(p.14).
Despoisdas“ObservaçõesPreliminares”(pp.19‐20),emqueseexpli‐
citam os critérios utilizados na citação dos fragmentos, dos autores, das
obras,dasediçõesedosvasosgregos,aobradesdobra‐seporduasextensas
secções: Primeira Parte:Dados Preliminares (pp. 23‐185); Segunda Parte:
Mito,DesportoeArtesPlásticasnosEpiníciosdeBaquílides(189‐442).
Porrazõesqueseprendemcomoslimitesdeumtextoderecensãoe
comariquezadeconteúdodaobraemapreço,limitar‐me‐eiafazerbreves
anotações dos diversos capítulos que compõem as duas partes referidas.
Importará,desdejá,dizerqueoenormerigoreexigênciacientíficaquecara‐
4[emailprotected].
396
Recensõesenotíciasbibliográficas
Ágora.EstudosClássicosemDebate20(2018)
terizam este estudo torná‐lo‐ãouma referência absolutamente obrigatória
paraa investigaçãodopoetaeda temáticaemquestão.O leitor/estudioso
encontrará aqui uma quantidade muito considerável de informação, de
referênciaspreciosasamuitasdasquestõesque têmalimentadoa fortuna
crítica da poesia de Baquílides, de interpretações competentes e bem
documentadasdeumnúmeromuitosignificativodeepinícios,bemcomoda
suanotávelrelaçãocomaiconografia.
VejamoscomooA.organizaaIParte.Apósumcapítulointrodutório
ede contextualização, intitulado “Aproximações à narrativamítica: entre
poesiaeartesplásticas”(pp.23‐89),ofocodeanáliserecaisobreapeculiar
inter‐relaçãoentre“Mitoedesporto:celebraçãopoéticaeplásticadavitória”
(pp. 91‐133). No terceiro capítulo (pp. 133‐185), dedicado ao “percurso
biográficoeartísticodeBaquílides,ainquiriçãodesdobra‐seentreumaparte
A, intitulada “Cronologias e espaços de mobilidade” e uma parte B,
“Conhecimentoerecuperaçãodeumpoeta”.
OnúcleomaissubstancialdopresenteestudoabarcatodaaParteII:
“Mito,DesportoEArtesPlásticasnosEpiníciosdeBaquílides”(pp.184‐442).
Constituídaporduassecçõesrepartidasp*rnumerosositensdeanálisecom‐
plementares, cuja enumeração seria importante,mas fastidiosa, oA.pro‐
moveumaarticulaçãoprofundamenterigorosaemuitobemfundamentada
entre as narrativas mitológicas de alguns epinícios, na essência
profundamente ecfrásticas, as praxeis atléticas e as suas representações
iconográficas,tantopictográficasquantoescultóricas.
De salientar que cada capítulo, complementado por diversos sub‐
capítulos,revelaumtratamentoespecializadoeemprofundidadedastema‐
ticasabordadas,que compreendem interpretações exegéticas, comentários
filológicos,discussãodesoluçõesecdóticasparaproblemasmaiscríticose,é
claro,umaapresentaçãosequencialdetextosgregosedeversõesemportu‐
guêsdosepiníciosbaquilidianosestudados.Origoreaexigênciapostosna
elaboraçãodesteexcelenteestudoevidenciam‐se igualmentenaqualidade
das traduções, caldeadas sempre por uma apurada sensibilidade poética.
Recorde‐seque,em2014,C.AM.deJesushaviajápublicado,sobachancela
daImprensadaUniversidadedeCoimbraeAnnablume,aobraBaquílides.
Odes e fragmentos. Tradução do grego, introdução e comentário, ou seja uma
versãoemlínguaportuguesadocorpusconhecidodopoetalíricodeCeos.
Recensõesenotíciasbibliográficas
397
Ágora.EstudosClássicosemDebate20(2018)
Por último, na “Parte III. O Mito nos Epinícios de Baquílides.
Conclusões”,oA.,sebemqueconfesse“adificuldadedeestabelecercon‐
clusões definitivas (p. 454), apresenta uma reflexão sistematizada e
convenientementeestruturadadosprincipaisaspetos linguístico‐poéticose
histórico‐culturais, fundamentados em notas criteriosas e precisas, com o
objetivodecaracterizarestegénerodelíricacoralnocontextodapoiesisde
Baquílides,originalmentealicerçadanumacomplexatradiçãomítico‐poética
eplástica.Como concluioA. “osmitos escolhidosporBaquílides fariam
partedeum reportório tradicional,umamacro‐tradiçãodaqualambasas
atualizações, poesia e iconografia, são afinal duasmanifestações que há
tomarnummesmopatamardecriatividadeeautoridade”(p.455).
A fechar esta obra monumental, apresenta‐se uma Bibliografia
criteriosamenteselecionadaeatualizadaeumbemorganizadoeproveitoso
“ÍndicedeNomeseAutores”,queseestendepor48páginas.Porfim,igual‐
mente valiosos são o “Índice de Termos Gregos” e um outro sobre as
fascinantesilustraçõesapresentadasnaobra.
Muitomaissepoderiadizersobreestepreciosovolumede540páginas,
muitobemorganizadonumaediçãoesmeradaequasesemgralhas.Aelevada
qualidadedaobraemrecensãocomprovaorigordainvestigaçãolevadaacabo
porCarlosMartinsdeJesus,umadasvozesmaisautorizadasnestedomínio
dosestudosdalíricaarcaicae,especialmente,dalíticacoraldeBaquílides.
J.V.Bañuls&F.DeMartino(eds.)(2017).Elcorodramático,unpersonaje
singular.Bari:LevanteEditori.445pp.ISBN:978‐88‐7949‐681‐0;ISSN1723‐
4891
EMÍLIAM.ROCHADEOLIVEIRA5(CentrodeLínguas,LiteraturaseCulturas,Universidadede
Aveiro—Portugal)
Editado por JoséVicente Bañuls e FrancescoDeMartino, o volume
resultadovigésimocongressoorganizadopeloGrupSagunt.GrupdeRecerca
iAccióTeatraldelaUniversitatdeValència(GRATUV),desde1997,sobreo
teatroclássiconoquadrodaculturagregaeasuapervivêncianaculturaoci‐
dental.Osparticipantesnesteúltimoencontroreflectiramsobreaimportância
docoro,̋ esepersonajecolectivoyalavezsingularenmuchosaspectosʺ(p.13).
Osdezasseteestudosestãodispostosemduaspartes:ʹI.ElTeatroClásicoʹeʹII.
LaRecepcióndelTeatroClásicoʹ.Osnovetrabalhosreunidosnaprimeiraparte
5[emailprotected].
398
Recensõesenotíciasbibliográficas
Ágora.EstudosClássicosemDebate20(2018)
estudam opapel e a importânciado corona tragédia e comédia clássicas,
enquantoosrestantesoitosededicamàanálisedarecepçãodapersonagemna
artecontemporânea(literatura,músicaecinema).
O conjunto de estudos é precedido por um texto de apresentação,
ʹPalabrasde losEditoresʹ (pp.9‐14),emque sedescrevea intervençãodo
GRATUVnoapoioedivulgaçãodoestudodoteatroclássicogreco‐latinoe
suapervivêncianatradiçãoocidental:ʺDelencuentrohabido,delosdebates
quesiguierona lasexposiciones,de las reelaboracionesde losautores,de
todo ello el fruto es elvolumenpresente, conscientesdeque elobjetode
estudiovaalosorígenesmismosdeldramaoccidentalcontodoloqueello
suponeporsuimportanciaeneldesarrollodelaculturaoccidentaldesdesus
orígeneshastanuestrosdíasyensuproyecciónhaciaelfuturo.ʺ(p.14).
Aparte ʹI.ElTeatroClásicoʹabrecomoestudodeF.JavierCampos
DarocaeJuanLuisLópezCruces,ʺSócratescoralʺ(pp.17‐53).Estetrabalho
apresentadiferentesabordagensdafiguradeSócratesemrelaçãoaalguns
elementosdaculturamusicaldoseutempo.Apósumaintroduçãoemque
sãoapresentadosvários“paradigmasfilosóficos”docoronaAntiguidade,os
AA., partindo da leitura de dois passos platónicos, Phd. 60‐61 e Grg.
481c‐482d,analisam,noqueaoseusignificadofilosóficodizrespeito,dife‐
rentes atitudesde Sócrates em relação àmúsica e àpoesia. Nas secções
seguintes, são estudados dois aspectos da presença de Sócrates na cena
cómica:asuainteracçãocomocorodasNuvensquandoestasrespondemà
suachamada(Nu.363‐74)eapossibilidadedeopróprioSócratesaparecer
comomembrodeumcorocómicoemtrêscomédiasdosanos20doséculoV,
a saber, Connos, de Amípsias, OsAduladores, de Êupolis e Convivas, de
Aristófanes.
Nosegundoestudo,“Gliocchidelcoro.Appuntisuteatroecomunica‐
zione visiva” (pp.55‐118), começando por lembrar que no theatron, lugar
específicoparaver,têmdecoexistiroqueéʺvistoʺ(noqualresidemanovi‐
dadeeaespecificidadedoteatro),oque̋ nãoévistoʺ(eapenassetornavisível
medianteaintervençãodemechanai)eoque̋ nãodeveservistoʺ,FrancescoDe
Martinoaponta,entreostruquesmaiseficazesparaocultaroqueéproibido
ver,osruídos,quesubstituíamascenasviolentas,easekphraseistantasvezes
levadasacabopeloCoro,paraconcluirqueesteseufemismosʺvisuaisʺsão,na
verdade,umaformajáantigadecensura.Aamplabibliografiaqueacompanha
esteestudorevelaocuidadodoA.nasuaelaboração.
Recensõesenotíciasbibliográficas
399
Ágora.EstudosClássicosemDebate20(2018)
Com o estudo “O estásimo i do Coloneus: un caso de écfrase?”
(pp.119‐130),MariadoCéuFialho,partindodahermenêuticadotextodeÉdipo
emColono,emparticular,doestásimoI,procurademonstrarqueaintençãode
Sófocles,omaisreligiosodostragediógrafos,emdiálogocomasnarrativase
representaçõesdeAtenaePoséidon,eraevidenciarque,numacidadeideal,
cujaforçaradicanaconsonânciacomumaharmoniaqueaultrapassa,nãohá
espaçoparapelejasentreosdeuses,masapenasparaaacçãoconcertadadas
divindadesprotectoras (p.129).SegundoaA., comoglorioso epromissor
elogiodeColono/Atenas,Sófoclestransmiteaesperançaeaconvicçãodeque
Atenaspossuiaforçanecessáriaparasereerguer”,“sejaelacapazdecultivar
essaofertadeharmoniaqueosdeuseslheoferecem”(pp.129‐130).
MariateresaGalaz,“ElcoroenlascomediasdeAristófanes:personaje
literario y documento histórico” (pp. 131‐151), partindo de um passo da
PoéticadeAristóteles(1449a37‐49)queatestaaexistênciadeumcorocómico,
procura inferir alguns aspectos do papel que aquele desempenhava no
espectáculo cómico, tomando em consideração as analogias e diferenças
entre a tragédia e a comédia antiga. A A. conclui que as considerações
aristotélicas sobreocoro trágicopodem seraplicadasaocorocómico:em
primeiro lugar, quando o coro entra (párodo), põe em marcha a acção
dramática;emsegundo,podefuncionarcomoummarcadorparaasucessão
dascenas;emterceiro,representa,também,avozdacomunidade.Otextoé
acompanhadodeumacriteriosalistadereferênciasbibliográficas.
Noestudo“ElcorodePersasyTroyanas:lavisióndelosvencedores”
(pp.153‐163),começandoporrecordarqueÉsquiloassistiuaonascimentoda
democraciaeEurípides,enquantopoetatrágico,foiresultadodestesistema
político,DavidGarcíaPérezprocurademonstrarqueotemadaguerraecom‐
sequenteperdadaliberdadeeraumassuntorecorrentementeabordadopor
ambos ospoetas, atravésde temashistóricos emitológicos, em tragédias
comoOsPersaseasTroianas,comvistaaumareflexãosobreoseupróprio
tempo,mastambémsobreofuturo.
O texto deCarmenMorenilla eClaraGómezCortell (pp. 165‐182)
procurareflectirsobreos“Mecanismositerativosenloscorosdramáticos”.
Segundo as AA., como elemento constitutivo da linguagem poética, a
iteração está na base de diversos processos poéticos expressivos e
impressivosedeestruturascomplexasquereforçamosignificadodostextos
e os dotam de um valor singular.Asmesmas lembram que, no caso da
400
Recensõesenotíciasbibliográficas
Ágora.EstudosClássicosemDebate20(2018)
tragédiagrega,oseuusoéparticularmenteevidentenoscânticosdocoro,
masmostram,também,atravésdaanálisededuaspassagensdastragédias
ReiÉdipoeSetecontraTebas,quea interrupçãodeumaestruturaesperada
constitui, domesmomodo, um processomuito eficaz emmomentos de
grandeintensidadeemocional.
SegundoPuraNieto,,“CorosfemeninosenPíndaro”(pp.183‐207),as
numerosasreferênciasaocoroincluídasnasodesdePíndaroaludemsempre
aumgrupoconstituídoporhomens.Noentanto,existemtambémdiversos
coros femininosrelevantesnapoesiapindáricaque,naopiniãodaA., têm
recebidoporpartedosestudiososmenoratenção.Estetrabalhoestuda,pois,
o papel e a função destes grupos corais femininos, em especial os coros
divinosdeMusas,CáriteseHoras.
Em“ElcorodelasTroyanasdeEurípidesysurecepciónenlaescena
españolacontemporánea:LasTroyanasdeIrenePapas&LaFuradelsBaús”
(pp. 209‐222), Lucía P.RomeroMariscal começa por destacar a natureza
singulareaimportânciadapersonagemdocoronasTroianasdeEurípides
enquanto grupo de prisioneiras de guerra. Segundo aA., as encenações
contemporâneasdapeçageralmentecolocamaênfasenestegrupodevítimas
femininas da agressão masculina em tempos de guerra. O seu estudo
centra‐senaversãocénicadasTroianasdeEurípidesdirigidaporIrenePapas
e JürgenMüllereacargodacompanhiade teatroLaFuradelsBaus,que
estreou em Setembro de 2001, em Valência. Entre outros aspectos, a A.
destaca o amplo número de coreutas postos em cena e a extraordinária
vivacidadequeessenúmeroconfereàsuaacção.Oestudoincluiaindauma
série de interessantes e elucidativas fotografias que retratam alguns dos
momentosmaismarcantesdoespectáculo.
O texto que encerra a parte I deste volume, “Mujeres, fugitivas,
suplicantes.ElcorodelasSuplicantesdeEsquilo”(pp.223‐240),deMariade
FátimaSilva,pretendesublinharaimportânciadaspalavrasusadaspelotra‐
gediógrafo,reconhecidoartistadacomposiçãocoral,paraalertareinformar
o espectador sobre a técnica por si usada na construção da identidade,
movimentosediscursodocoro,esseantigoepreciosoinstrumentotrágico.
Ao contrário da comédia, a tragédia não conta com uma parábase para
estabelecero contacto entreoautor eo seupúblico,masopoeta trágico,
atravésdocoro,vaiencontrando formasdemotivaroauditórioparauma
leituraatentaeespecializadadasconvençõeseparaoesforçode inovação
Recensõesenotíciasbibliográficas
401
Ágora.EstudosClássicosemDebate20(2018)
quevaifazendoacadamomento(pp.223‐224).AA. tomacomopontode
partida para a sua análise o caso do atormentado coro feminino das
Suplicantes,segundoamesma, testemunho importantesobreacomposição
convencionaldestetipodecoro.
AparteIIdolivro,dedicadaàrecepçãodoteatroclássico,abrecomo
estudo de Corrado Cuccoro, “ll Coro nella drammaturgia prometeica di
ispirazionesociale,daGoetheainostrigiorni”(pp.243‐271).Desdeofinal
do séculoXVIIIquea lutamíticaentrePrometeu eZeus eos respectivos
aliados tem sido recorrentemente usada como paradigma na
conceptualizaçãodeconflitossociaisenacríticadopoder instituído.OA.
reflecte, pois, sobre as formas e a importância do coro na dramaturgia
prometeica de inspiração social desenvolvida a partir do final do século
XVIII,partindodaanálisedasversõesdeJ.W.Goethe,J.L.Brereton,J.E.
Reade,S.Becquerelle,W.B.Nichols,D.G.Bridson,L.Lee,A.Sobral,G.Ryga,
T.Paulin,M.MedinaVicario,T.HarrisoneJ.DeSena.
Ainda que no teatromoderno o coro tenha perdido a importância
alcançadanastragédiasecomédiasclássicas,presentementeencontramosna
linguagempublicitáriaumadasfunçõesdocoroantigo:sugeriretransmitir
umpontodevista.SegundoDelioDeMartino,“Elcoropublicitário” (pp.
273‐290),comopropósitodesesugeriraoclienteaaquisiçãodeprodutosou
serviços,sãousadosemanúnciosmodernos,mitológicosenãomitológicos,
muitoscoros.OA.estuda,porconseguinte,ousodecorosnoscaroselliespots
italianoscriados,apartirde1957,parapublicitareparodiarcorosfamosos
da tradiçãomelodramática e com o intuito último de convencer, com as
mesmastécnicasdoteatroantigo,umnovotipodeespectador.Estetrabalho
incluiumapêndicecompostopordezasseisimagensilustrativasdecaroselli
espotspublicitários.
Como recorda Charles Delattre, “Le ʺcomplexe de Cassandreʺ:
interactionsduchoeurdanslʹAgamemnondʹEschyleetau‐delà”(pp.291‐324),
aanálisedramatúrgicaclássicada tragédiagregaantigacostumasepararas
personagens individuais, identificadas pelos seus nomes, do anónimo e
colectivo coro, enfatizando as diferenças que os separam.As personagens
individuaiseocoroocupamdiferentesáreasdoespaçocénico,osactoresque
os interpretam pertencem a diferentes camadas sociais e existe um forte
contrasteentrediscursoecanticaquereforçaadiferenciaçãoacimareferida.
Todavia, segundo o A., a análise mitopoética poderá contrariar essa
402
Recensõesenotíciasbibliográficas
Ágora.EstudosClássicosemDebate20(2018)
perspectiva;oexemplodeCassandranoAgamémnondeÉsquilopermite‐nos,
naopiniãodomesmo, considerarapossibilidadedeagrupar sobamesma
definiçãocoroepersonagem.Nesteestudo,oA.propõe‐sedefinirumesquema
actancialqueresolvaatensãoentreindividualidadeecolectividade,entreuma
personagemactivaeumcoroqueseriaummeroespectador,porformaacriar
umamatrizcaracterísticadacenatrágica,queseráútilnadetecçãodapresença
docoroemproduçõescontemporâneasemquenãoeraesperadoencontrá‐lo.
OestudodeEnriqueGavilán,“Cuandolaexperienciasedesvanece:el
coroenelteatropostdramático”(pp.325‐357),analisaapresençadocorono
teatropós‐dramático, apóso seu eclipse secular.OA.defendeque a sua
relevância deriva das mesmas razões que explicam o aparecimento da
estéticapós‐dramática:avontadede intensificaraexperiência teatralnum
mundoemqueaexperiênciasedesvanece.Apósconsideraçõesdeâmbito
genérico,E.Gavilánpropõe‐seexplorarumexemplorecente,“Elcuellodela
jirafa”, do Matarile Teatro, espectáculo que enquadra a sua peculiar
coralidadenumespaçocénicosingularesimultaneamenterevelador(p.326).
Oestudointegrafotografiasqueilustrammomentosdoreferidoespectáculo.
Em“Alcestis.Delcorotrágicoallírico:AlcestisdeEurípides,Alcesteou
letriomphedʹAlcidedeQuinault‐Lully(1701)yAlcestedeGluck(1767)”(pp.
359‐387),JuliLealanalisa,primeiramente,arelaçãoqueocorodatragédia
euripidianamantémcomaspersonagensprincipaisdapeça,para,depois,
perceberdeque formaessarelaçãosealteraemduasrecriaçõesdoséculo
XVIIImuitobem recebidaspelopúblico:Alceste ou le triomphedʹAlcidede
Quinault‐Lully e Alceste de Gluck. A completar o estudo, no final,
encontramosumaDiscografiaeumaVideografia.
CarlosMoraiseShaoLing,“ElCoroenLasangredeAntígona: texto,
músicaypuestaenscena”(pp.389‐408),estudamaimportânciaeopapeldo
CoronumarecriaçãodaAntígonadeSófocles,LasangredeAntígona:Misterio
entresactos,deJoséBergamín(1895‐1983).Reconhecendoemboraque,noque
concerne à estrutura e à reinterpretação cristã do mito de Antígona, a
recriaçãosedistanciadoseuhipotexto,osAA.consideramqueamesmase
aproximadomodelosofocliano,tantonaformacomorecuperaoessencialdo
conflitotrágicoparaoadaptaràrealidadesociopolíticavividaemEspanha
emmeados do século XX, como na importância que atribui ao Coro na
economiadramática(p.390).EmLasangredeAntígona,concluem,oCorotem
umpapelpreponderante,poucohabitualemrecriaçõesdetragédiasclássicas
Recensõesenotíciasbibliográficas
403
Ágora.EstudosClássicosemDebate20(2018)
levadasacabonoséculoXX.EsteCoro, talcomoodomodelosofocliano,
comenta,opina eposiciona‐sediantedo conflito trágico.Quer atravésda
recitaçãoqueratravésdocanto,apoiadonamúsicadeSalvadorBacarisse,
contribui para a criação de uma ambiência triste e patética que põe em
evidênciaa“impossibilidadedeum ritualde comunhão”,numaEspanha
que,dilaceradapelaguerracivil,viviasobumaferozditadura(pp.405‐406).
AextensabibliografiaqueacompanhaesteestudoatestaorigordosseusAA.
Romulo Pianacci, “Refuncionalización del coro trágico en el
espectáculocontemporâneo”(pp.409‐418),estudaopapeldocoroemtrês
espectáculos contemporâneos de criadoresmuito distintos:AChorus Line
(1985),filmemusicaldirigidopelobritânicoRichardAttenborough,baseado
nocélebremusicaldaBroadwaycriadoporMichaelBennetem1975;Asíesla
vida(1999),filmedeArturoRipstein,baseadonaMedeiadeSéneca;AntígonaS,
linaje de hembras (2001), do argentino JorgeHuertas.Da análise dos três
exemplos escolhidos, o A. conclui que o coro, apesar de ter uma forte
intervençãomusical,atravésdocantoedadança,apresentacaracterísticas
significativamentediferentes, revelando,dessemodo, a riquezaquepode
alcançarnoespectáculocontemporâneoepermitindoquesemantenhaviva
atradiçãoclássica.
OúltimoestudodestelivropertenceaAndrés‐PociñaeAuroraLópez,
“SustitucionesdelcoroenversionescinematográficasdeFedra”(pp.419‐433),
queseocupamdaquestãodasubstituiçãodoscorosnasrecriaçõesmodernas,
tomandocomoobjectodeestudo trêsactualizaçõescinematográficasdeum
temaquedespertou,econtinuaadespertar,particularinteresse,odahistória
deFedraeHipólito,presentenoshipotextosdeEurípideseSéneca,astragédias
HipólitoeFedra,respectivamente.Sãoelas:Fedra,dirigidaporManuelMurOti,
1956;Desireundertheelms,deDelberyMann,1958;Phaedra,dirigidaporJules
Dassin,1962.Seocorodasmulheresemãesdosmarinheirosnaufragadosque
escutamosnomesdasvítimasrepresenta,nofilmedeManuelMurOti,oúnico
cororealmentetrágicodastrêsversõescinematográficas(p.432),averdadeé
queemnenhumadasrecriaçõescomparadasserenunciouaesseelementotão
importantenosmodelosantigos.Emtodasfacilmentesereconheceapresença
deumcoro,querpelasuacomposiçãoquerpelasuaintervençãoemmomentos
fulcraisdaspelículas.
OlivroincluiumCDcomareproduçãode5fragmentos(músicaecanto)
daÓpera La sangre deAntígona.Misterio en tres actos, de José Bergamín e
404
Recensõesenotíciasbibliográficas
Ágora.EstudosClássicosemDebate20(2018)
SalvadorBacarisse,interpretadapelaprimeiravezporocasiãodocongresso
quedeuorigemaestevolumeeacujoestudosededicaumdostextosincluídos
naparteII.
A apresentação, no final, do muito útil Índice de Nomes Antigos
(pp.435‐445)vemampliarovalordolivro.Assinalamos,noentanto,sobretudo
quandosetratadeumvolumedestanatureza,aausênciadeumabibliografia
finalconjuntaedeumíndiceremissivoaosautoresreferenciadosnosestudos
coligidos.
Emsuma,este livro, reunindocontribuiçõesdemuitodiferentespro‐
veniências,brindaoleitorcomumaamplaevariadainvestigaçãosobreopapel
eaimportânciadocoronatragédiaecomédiaclássicaseasuarecepçãonaarte
contemporânea(literatura,músicaecinema),constituindo,porisso,umcontri‐
butopreciosoparaoconhecimentodoteatroclássicogregoeumareferência
essencialnodomíniodoestudodasuapervivêncianaculturaocidental.
JohannaHanink (2017),TheClassicalDebt.GreekAntiquity inanEraof
Austerity.Cambridge(MA)&London,HarvardUniversityPress,338pp.
[ISBN:978‐06‐749‐7154‐7].
HELENAGONZÁLEZVAQUERIZO6(UniversidadAutónomadeMadrid—España)
En su reciente monografía Johanna Hanink, profesora titular de
ClásicasenlaUniversidaddeBrown,abordalacuestióndela“deudagriega”
nodesdeelpuntodevistadeloqueGreciadebeasusacreedoresfinancieros,
sinodesdeeldeladeudaquelacivilizaciónoccidentaltienecontraídaconla
Antigüedadclásica.Esta“deudaclásica”secomponedellegadoinmaterial
queconformaríanprincipioscomolademocracia,lafilosofía,lasmatemáticas
oelarte,ydelosrestosmaterialesdeunaculturaenlaquehaqueridoverse
elorigende lacivilizaciónoccidental.Haninkestudiaelpapelde laAnti‐
güedadgriegaenelperiododeausteridadpropiciadoporlacrisiseconómica
aplicandoconceptosbienasentadossobrelaidealizacióndelpasadogriego
desde lapropiaAtenasclásica,pasandopor lossiglosXVIIIyXIXyhasta
nuestrosdías.Elinterésfundamentaldelestudioradica,porunlado,enla
constatación de los efectos del “cripto‐colonialismo” (MichaelHertzfeld)
o“colonizacióndelamente”(ArtemisLeontis)sobreGreciayenespecialen
6[emailprotected].ReseñaenmarcadaenelproyectoMarginaliaClassica
Hodierna.TradiciónyRecepciónClásicaenlaCulturadeMasasContemporánea(FFI2015‐
66942‐P).
Recensõesenotíciasbibliográficas
405
Ágora.EstudosClássicosemDebate20(2018)
el contexto de la crisis. Por otro, en la paradoja, implícita en el título y
presentealolargodeltrabajo,dequeelpaísmásendeudadodeEuropasea
aquélalquenuestrassociedadesreconocendebermásenelplanointelectual.
Ellibro,magníficamenteeditadoporHarvardUniversityPress,consta
deunprefacio, siete capítulos,un epílogo,notas, bibliografía comentada,
créditosdelasilustracioneseindex.Sutonoesdivulgativoyamenosinque
lefalterigoracadémico,porloquesulecturapuederesultarinteresantetanto
paraelaficionadocomoparaelespecialista.
EnelprefacioHaninkexplicalagénesisdelaobrayempleaunproce‐
dimientoqueserepitealcomienzodecadacapítulo: lautilizacióndeuna
anécdotareferidaalaculturapopular,enestecasouncómicdeArkas,como
introducción a cuestiones de acuciante actualidad o de índole teórica.
Elprimer capítulo, “Champions of theWest” (CampeonesdeOccidente),
sirvedeintroduccióngeneralaltemadellibroydepresentación.
Enloscapítulossiguienteslaautoraexaminacómoseformóyevolu‐
cionó lanocióndeunadeudaabstractaconGreciaquehaservidoysirve
como campodebatalla en cuestionesdemayor envergadura.El segundo
capítulo,“HowAthensBuiltit*Brand”(CómoconstruyóAtenassumarca),
analizalapropagandapolíticaateniensequecontribuyóalacreaciónyaen
laAntigüedaddelaimagenidealdelacivilizacióngriega.Eltercercapítulo,
“ColonizersofanAntiqueLand”(Colonizadoresdeunatierraantigua),da
unsaltohaciadelantehastalaépocaenquelosprimerosviajerosoccidentales
marcharonaGreciaconsubagajeclasicistay,amenudo,quedarondesilu‐
sionadosporlarealidaddelpaís.Enelcuartocapítulo,“FromStateofMind
toNation‐State”(Deestadomentalaestadonacional),seabordalaGuerra
deIndependenciayelpapeldelaspotenciaseuropeasenlaformacióndeuna
identidadoccidentalparaelnuevoestado.Elquintocapítulo,“GreekMiracle
2.0” (Milagrogriego2.0),ahondaen laambivalente relaciónquedesde la
independenciaseestablecióentreGreciaysusadmiradoresoccidentalesyen
cómoenmomentosdecisivosellegadoclásicohasidoreivindicadoporuna
yotraparte.Elsextocapítulo,“ClassicalDebtinCrisis”(Ladeudaclásicaen
crisis),secentraenlosañospreviosalcolapsoeconómicoyenlapropiacrisis,
analizandoelpapeldelasmetáforasclásicaseneltratamientodeestaenlos
mediosdecomunicación.Elséptimoyúltimocapítulo,“WeAreAllGreeks?”
(¿Somostodosgriegos?),terminadedesmontarelidealdelclasicismogriego,
poniendosobrelamesalasrealidadesdenuestrosigloyladiversidaddela
406
Recensõesenotíciasbibliográficas
Ágora.EstudosClássicosemDebate20(2018)
sociedadgriegaactual.Finalmente,enelepílogoHaninkhacealgunassuge‐
renciasa losdocentesparaque tenganencuenta las implicacionesdeno‐
cionestanasentadascomoqueGreciaeslacunadelacivilizaciónoccidental,
quehuboun“milagrogriego”oqueexisteuna“deudaclásica”,yparaque
seanconscientesdelapresenciadeundiscursoyunideariodeterminadosen
granpartedelosmanualesymaterialesmanejadosenlaenseñanza.
Sinduda,estasúltimasadvertenciasdeHanink resultanmuyperti‐
nentesyconstituyenunpuntofuerte,aunquesecundario,de laobra.Otro
aspecto tangencial,peromuypositivo, es elhechodeque laautorahaya
podidocontarenmúltiplesocasionesconeltestimoniodirectodepersona‐
lidadestanrelevantescomoelarqueólogoYannisHamilakisoelex‐ministro
de finanzasgriegoYanisVaroufakis.Y sinduda es elogiablequeHanink
aclare su postura de no injerencia respecto a reivindicaciones griegas o
foráneas relacionadas con la “deuda clásica”.No obstante, laneutralidad
absolutanoesposiblenideseableyenelcasode laautoraelfilhelenismo
resultaevidente.Pero,quizá,lamayoraportacióndeestamonografíaseala
luzqueHaninkarrojasobrelasociedadgriegaactualysobrefenómenosque
están teniendo lugar en esta sin que amenudo elmundo occidental sea
demasiadoconsciente:fenómenoscomolapoesíaoelcinecontemporáneos
quenobebenexclusivamentedelaAntigüedadclásica,sinoqueilustranuna
identidadneogriegapropia.
Françoise Frazier & Olivier Guerrier (coords.), Plutarque. Éditions,
Traductions,Paratextes.CoimbraeSãoPaulo,ImprensadaUniversidade
de Coimbra e Annablume, 2016. 229 pp. ISBN 978‐989‐26‐1305‐5.
DOI:https://doi.org/10.14195/978‐989‐26‐1306‐2.
JOAQUIMPINHEIRO(UniversidadedaMadeira;CentrodeEstudosClássicoseHumanísticosda
UniversidadedeCoimbra–Portugal)7
Reúne este volume trabalhos que foram apresentados no Réseau
Thématique Plutarque Européen, na Universidade de Toulouse, que
decorreu em Setembrode 2014.Coincidiu, infelizmente, a suapublicação
comofalecimentodaProfessoraFrançoiseFrazier,ilustreclassicistaeuma
dasprincipaisinvestigadoras,nasduasúltimasdecádas,daobradePlutarco.
Comtodaajustiça,olivroabrecomumanotaprévia,emque,deformabreve,
são realçadososvaloresdamulher eo saberdaprofessora, com especial
7[emailprotected].
Recensõesenotíciasbibliográficas
407
Ágora.EstudosClássicosemDebate20(2018)
ênfasenoseuextraordináriotrabalhocientífico,filológicoepedagógico.Os
caminhosdeanálise filológica,degrandeprofundidade filosófica,que foi
abrindosãoamaiorherançaqueFrançoiseFraziernosdeixa,sobretudopara
aquelesquedeformamaispróximaforamouvindoassuasliçõesereflexões.
Naapresentaçãodovolume,oseditoresexplicamofactode,desdea
criaçãodaRedeEuropeia,otemadarecepçãodePlutarcoserumdosmais
importantes.Por isso,emToulouse,oprincipalobjectivo foiode reflectir
sobreapresençadePlutarconaRenascençaenoHumanismo,nãosósobreo
temada transmissãodopensamento, comoquestõesmaisdodomínioda
ecdótica.Nessesentido,osdozeestudosqueintegramestevolumeestãodis‐
tribuídos eorganizados em trêspartes: 1ªparte)TraductionsHumanistes
(cinco estudos); 2ª parte) Philologues humanistes et éditions modernes
(quatro);3ªparte)Réceptionsetparatextes(três).
Na primeira parte, F. Tanga (“Il De fraterno amore di Plutarco tra
ThomasNaogeorgus,LudovicusRussarduseStephanusNiger”)demonstra
comointelectuaisdoséculoXVIestudaram,traduzirameeditaramotratado
DefraternoamoredePlutarco,usandoalíngualatina.NocasodeStephanus
Niger(versãolatinadonomeStefanoNegri),fezumaaemulatiodotratadode
Plutarco,aquedeuotítulodeDefraternabenevolentia,tratadoquefoipubli‐
cadoem1518eemqueoautorrevelaestarmaisinteressadocomotommoral
edidácticodotextodoquecomaspectosmaisformaiseargumentativos.Por
suavez,ThomasNaogeorgus (versão latinadonomeThomasKirchmaier)
publicou,emmeadosdoséculoXVI,uma tradução latinadesete tratados
moraisdePlutarco,emque se incluioDe fraterno amore,degrandevalor
filológicoefilosófico,comooA.provacomdiversosexemplos,comparando
atraduçãolatinacomváriasediçõesdaépocaecomediçõesmaisrecentes
(e.g.,ateubneriana).TambémLudovicusRussardus(versãolatinadonome
LouisRousard),alémdeoutros trabalhosde tradução,publicou,em1559,
umaversão latinado tratadoDe fraterno amore, trabalhoque sedistingue,
igualmente,pelaprobidadedo trabalho filológico.ComooA.realça,estas
traduçõescontinuamaserúteisparaquemsededicaàcríticatextual.
P.VolpeCacciatore(“LetraduzionidelDeaudiendodiPlutarcoinEtà
Umanistica”),usandoumametodologiafilológicabemdefinida,emgrande
proximidade como texto, confrontaváriospassosdo tratadoDe audiendo
(37D, 38E‐F, 39E‐40A, 41C, 41E‐F, 42C, 43B) com as traduções latinas de
Paceus (versão latina do nome Richard Pace, 1482‐1536), Calphurnius
408
Recensõesenotíciasbibliográficas
Ágora.EstudosClássicosemDebate20(2018)
(GiovanniCalfurnio,1443‐1503)eLuscinius(OthmarLuscinius,1487‐1537).
Alémdisso,aA.reforçaasuaanálisecomacomparaçãoquefazcomedições
maisrecentesdoreferido tratadodePlutarco,detendo‐seem interessantes
comentáriosdecríticatextual.Àsemelhançadoartigoanterior,ficademons‐
tradoovalordastraduçõesdosHumanistasparaacompreensãodotextode
Plutarco.
OcontributodeG.Pace(“Terminologiateatraleplutarcheanelleprime
traduzioniastampa”) temporobjectivoanalisarcomoo léxico teatralem
algunspassosdasbiografiasdePlutarco(Pomp.9.3;Brut.31.6;Demetr.53.1;
Mar.27.2;Luc.11.2;Luc.21.3;Nic.5.3;Mar.17.5;Pomp.31.6)étraduzidonas
ediçõescompiladasporGiovanniAntonioCampano,porvoltade1470,em
queseincluemhumanistascomoJacopoAngeli,DonatoAcciaiuoli,Antonio
Pacini, Leonardo Giustinian e Alamanno Rinuccini. Além disso, a A.
estabeleceumacomparaçãocomastraduçõesdeAmyoteXylander.Conclui‐
sequeas traduçõesseguemdiversasmodalidades:porvezesa traduçãoé
bastanteliteral,masnoutrasacentua‐seovalormetafórico,sejapormeiode
uma terminologia teatralmais técnica, sejamenos técnica.Alémdisso,ao
contrário da tradução de Amyot, a de Xylander opta por uma maior
“concentrazioneexpressiva”(64).
Como profunda conhecedora do trabalho de tradução de Amyot,
F.Frazier (“Amyot traducteur des Oeuvres Morales. Des Marginalia à la
version française: l’utilisation des Vies”) analisa, de forma exaustiva, os
marginalia da tradução francesa dos Moralia, em particular as catorze
anotaçõesqueremetemparaasVitae.Dessaforma,percebe‐seaintençãodo
tradutor em elucidar a compreensão filológica e tambémde conteúdodo
textogrego.Alémdisso,aA.dátrêsexemplosde‘traductionsaugmentées’
dos Moralia a partir das Vitae. Com isso, demonstra como o complexo
trabalhodetraduçãodeAmyot,porvezesderecriaçãoemfunçãodoleitor,
recorrea textosparalelos, comoasbiografiaseaoutros textosdeautores
clássicos, que aproximam, na perspectiva daA., a tradução da forma de
criaçãoliterária.
L. LesageGárriga (“Lemythe duDe facie de Plutarque traduit par
Amyot”),porsuavez,baseandonolabordetraduçãodeAmyotdotratado
Defacie,conservadonaediçãodeBâlede1542,analisaasprincipaiscaracte‐
rísticasdesseexercíciode tradução,emparticularomitoescatológicoque
surgenofinaldoreferidotratado(940F‐945E).AA.identifica,natradução,
Recensõesenotíciasbibliográficas
409
Ágora.EstudosClássicosemDebate20(2018)
vários exemplos de introdução de leituras pessoais, de pequenos ajusta‐
mentoseexplicaçõesnosentidodetornarotextomaiscompreensívelparao
leitoretambémdeomissões.Alémdisso,estecontributorealçaofactodeas
ediçõesdoséculoXIX,comoporexemploadeWyttenbach, incorporarem
muitasdaspropostasdeAmyot,e,deformaerrada,asediçõesdoséculoXX,
nomeadamenteasdeM.PolenzeH.Cherniss,sedeclaremdevedorasdas
ediçõesdoséculoXIX,quando,naverdade,deveriamremeterparaotrabalho
deAmyot.Logo, sugere‐se que o aparato críticodessas ediçõesdeva ser
revisto,emconsonânciacomumaleituracorrectadatradiçãotextual.
Oprimeirotrabalhoda2ªParteéodeB.Demulder(“AdrienTurnèbe
in recent editions of Plutarch’s De animae procreatione”) que interpreta a
influência do humanistaAdrien Turnèbe (em latim,Adrianus Turnebus,
1512‐1565), muito elogiado porMontaigne, em três edições recentes do
tratadoDe animae procreatione: a da Teubner deK.Hubert, corrigida por
H.Drexler(1959),adaLoebdaresponsabilidadedeH.Cherniss(1979)eado
CorpusPlutarchiMoraliumpor F. Ferrari eL.Baldi (2002).De facto, estas
ediçõesremetem,noaparatocrítico,paraTurnèbe,mas,comooA.salienta,
háalgunserrosdeinterpretação.Nãoéobjectivodesteartigoanalisartodos
osmarginaliadeTurnèbe,nemsimplesmentecriticaraformacomoasedições
recentes,noaparatocrítico,osusam,masantesenfatizaracomplexidadedo
assunto.O trabalhodeTurnèbe,que teráusado como fonteprincipalum
exemplar da edição deAldoManúcio, devemerecer omaior interesse e
cuidadodeanálise,poisnãofoiapenas tradutoroueditor,masumatento
leitordotextodePlutarco.
OestudodeA.Pérez‐Jiménez(“Loshabitantsdelaluna(Plu.,Defac.
944C‐945B).Notascríticassobrelaspropuestastextualesytraduccionesdel
XVI”) analisa alguns passos complexos do De facie, em que aparecem
referênciasaosdaimones,tendoporbasealeituradeeruditosdoséculoXVI,
comoLeonicus,Vietorius,Schottius,Turnebuseoutrosanónimos,bemcomo
astraduçõesdosséculosXVI‐XVIIdeXylander,Amyot,CruseriuseKeppler.
AapuradaecuidadaanálisedoA.permiteconcluirqueasanotaçõescríticas
eastraduçõesdoshumanistas,emparticularaagudezafilológicadeAmyot,
tiveram um impacte elevado no estabelecimento do texto pelos editores,
desdeWittenbachatémaisrecentementeDonini.
S.Amendola (“SuduepassidelDe seranuminisvindicta: traduzioni
umanistiche, ecdótica ed esegesimoderne”) demonstra como o trabalho
410
Recensõesenotíciasbibliográficas
Ágora.EstudosClássicosemDebate20(2018)
filológico dos humanistas (Pirckheimer, Connan, Hottamn, Tarcagnota,
Gandino,Gracián,Xylander,Estienne,Cruserius,Amyot,entreoutros)pode
enriquecer e esclarecer a interpretação feita pela ecdóticamoderna (por
exemplo, Reiske,Hackett, Peabody, Prickard, Pohlenz, Ziegler, Vernière,
Guidorizzi ouAguilar). Para o provar, oA. analisa, em pormenor, dois
passosdo tratadoDeseranuminisvindicta (550B‐Ce552D‐E)quesuscitam
váriasdificuldadesdeinterpretação.
Aconcluira2ªParte,oartigodeF.Becchi(“Problèmestextuelsetchoix
d’interpretative choices in Plutarch’s writing on animal psychology”)
defendeanecessidadedesedistinguiroactodetraduzirverbumdeverbodo
trabalho filológico traducereadsententiam,sendoestemétodomaiscaracte‐
rístico dos humanistas.Apontando, commuita clareza, vários problemas
textuais ealgumashipótesesde interpretação,oA.analisadois textosdo
tratadoBrutaanimalia(987F,sobreacoragem;992E,dedicadoàinteligência
dosanimais)eumtextodotratadoDesollertiaanimalium(963F,relacionado
comateoriaestóicaeperipatéticasobreainteligênciadosanimais).Nocaso
do tratado Bruta animalia, tem‐se em conta, sobretudo, três traduções do
séculoXV (Cassarino,Birago eRegio), enquantopara o outro tratadode
PlutarcosecomparamastraduçõesdeXylander,WyttenbacheDübner.
A3ªPartedestelivrocomeçacomocontributodeM.Meeusen(“The
shiftingrealitiesofPlutarch’snaturalproblems.Anoteonthereceptionof
Quaestiones naturales”). Sem se deter em questões filológicas, o objectivo
principaldoA.édaralgunsexemplosda recepçãodo tratadoQuaestiones
naturales,apontandoquatroexemplos:MichaelPsellus(Deomnifariadoctrina,
séc.XI), JuandePineda(Diálogos familiaresdaAgriculturaCristiana,1589)e
duastraduçõeslatinasdotratadodeGybertusLongolius(1542)ePedroJuan
Núñez(1554).Defacto,estetratadofoibastantevalorizado,talvezporrevelar
influênciasdosProblemataphysica,oquelevou,deformaerrada,aclassificar
Plutarcode‘cientistaaristotélico’,esquecendo‐seomodeloplatónico.
A.Martins(“L’éditionetlatraductiondePlutarquedansl’oeuvrede
l’humaniste portugais Andreas Eborensis: Loci communes sententiarum et
exemplorum(1569)”),conscientedoprocessodinâmicodarecepção,comoa
imitatio ou a contaminatio, identifica e analisa a presença dosMoralia de
PlutarconaobraLocicommunessententiarumetexemplorum(1569),deAndreas
Eborensis (versão latina do nomeAndréRodrigues de Évora), um teste‐
Recensõesenotíciasbibliográficas
411
Ágora.EstudosClássicosemDebate20(2018)
munhorelevantedecomoaobradoQueronensetambémexerceuumconsi‐
derávelfascínionoshumanistasportugueses.
Por fim, o estudo de O. Guerrier (“L’ordre du discours: sur les
sommairesetmanchettesdes«contrefaçons»GoulartdesOeuvresMoraleset
meslées”)realçaaimportânciadaobradeGoulart,intituladaOeuvresMorales
etmesléesdePlutarque(1581)econhecidapelotermo“contrefaçons”,porter
sidoaprimeirarecepção,deâmbitoeditorial,do“Plutarquefrançois”eter
gozadodegrandeprestígioaté1640.ComooA.defende,pelasuaestrutura
eanotações, tratar‐se‐iadeumaobra sobretudo comobjectivodidácticoe
que,alémdisso,serviudeguiaparaoPlutarcodeAmyot.Procura‐se,ainda,
apontaralgumas tendênciasculturaise religiosasporpartedeGoulartna
leituradePlutarco.
ApardeoutraspublicaçõessobreatraditiodaobradePlutarco,este
volume,alémdemuitasoutras reflexões, enfatizaumaperspectivamuito
interessante:quantomaisconhecermosotrabalhorealizadopordezenasde
eruditos,sobretudoentreosséculosXVaXVI,melhorsaberemosinterpretar
otextoplutarquiano.Estamos,semdúvida,napresençadeumvolumecom
estudosquecorrespondemaosobjectivosdefinidosequerevelam,deforma
rigorosa,umsólidoconhecimentodaobradePlutarco,sejanumavertente
mais filológica, seja, sobretudo, com a intenção de valorizar a traditio.
Saliente‐se, ainda, a utilidade para o leitor do index locorum e do index
nominum.
AnaMaríaS.Tarrío,LeitoresdosClássicos.PortugaleItália,séculosXVe
XVI:umageografiadoprimeirohumanismoemPortugal.NotadeVincenzo
Fera. Lisboa, Biblioteca Nacional de Portugal – Centro de Estudos
Clássicos,2015,127pp.,il.–(catálogos)ISBN978‐972‐565‐567‐2(ed.impr.);
978‐972‐565‐568‐9(ed.eletrónica).
XAVIERVANBINNEBEKE8(CatholicUniversityLeuven—Belgium)
Thepublicationunder reviewdocuments the exhibition Leitores dos
Clássicos.EdiçõesitalianasnatransiçãodoséculoXVparaoséculoXVI,heldfrom
6November2015to30January2016intheBibliotecaNacionaldePortugal
(BNP).Twentyitemsfromthelibrarywereonshow:sixteenItalianincuna‐
8[emailprotected];[emailprotected].
412
Recensõesenotíciasbibliográficas
Ágora.EstudosClássicosemDebate20(2018)
bula, three Spanishones, and abook issued inBasle in the 16th century9.
Thecatalogue,authoredbyAnaTarríooftheCentrodeEstudosClássicosin
Lisbon,openswithaprologuethatpositionsPortugalduringthereignsof
João II and Manuel I on the fringes of the Europe‐wide intellectual,
educational,andliterarycultureandpracticeofhumanism.Threeexhibition
items— Inc.523,832,and462—areexplicitlysingledouton thebasisof
theirprovenanceandcontemporarymarginalia.Theyembodytheimportof
humanisteditionsoftheClassicsfromItalytoPortugal,thedevelopmentof
educationand literarycompositionatthePortuguesecourt,andthephilo‐
logicalpreparationofPortuguese students in Italy.Theother exhibitsare
similarlypresentedaswitnessestothesedevelopments,thoughsignsoftheir
useinPortugalduringthelate15thandearly16thcenturiesaresaidtobeless
evident.Tarríounderscores,inaddition,theneedforfurtherinvestigations
intotheItalianincunabulaoftheBNPandotherPortuguesecollections,and
announces that thematerials on showwill be relevant for her thematic
epilogue dealing with the chronology and definition of Portuguese
humanism, a difficult field of research « inteiramente dependente da
elucidação da cronologia e modalidades de receção dos modelos
humanísticosoriundosdaPenínsulaItálica.»(11).
After the prologue Vincenzo Fera considers in an articulate note
AgnoloPoliziano’s sevenmonths’ course onPliny’sNaturalHistory for a
group of English andPortuguese students in 1489‐1490.He illustrates in
particulartheimportanceoftheaforementionedInc.462,acopyofFilippo
Beroaldo’s1480editionofPliny.Ithas theex‐librisofTristãoTeixeira, the
sonofaPortuguesecourtierwhosenttheyoungboyandhisbrothersÁlvaro
andLuístostudywithPolizianoinFlorence.InafewpagesFeraisableto
capturetheessential:thePliny,andinparticularitsfascinating,multi‐layered
apparatus, constitute a crucialwitness to the philological endeavors and
teachingsofPoliziano.Thenotes transmit, for instance, readings froman
unidentifiedsourceexaminedbythescholarduringhislectures,andprovide
akeytocriticallyanalyzehissubsequentuseoftheCastigationesPlinianaeof
ErmolaoBarbaro. Fera’s conclusion that theTeixeira activelyparticipated
during the course is, moreover, convincing. Poliziano praises the three
brothersinalettertotheirfather(POLITIANUS(1498)Ep.X,3),anditappears
9Cf.Leitoresn.1.InthetextreferencestopagenumbersfromLeitoresareplaced
betweenroundbrackets.
Recensõesenotíciasbibliográficas
413
Ágora.EstudosClássicosemDebate20(2018)
Tristãoaddedpartofthenotes.Whatismore,Iamcertainthatmanyofthe
remainingmarginaliaareundoubtedlyby the samehandasNaples,Bibl.
Nazionale,V.D.43,arecollectaofPoliziano’scourseonSvetonius(1490/91)
thatwithgood reasonwasattributedbyFera in1983 to eitherTristãoor
Álvaro10. Anyway, a future edition of the marginalia will undoubtedly
includeacarefulpaleographicanalysis,andthankstothee‐copyprovided
bytheBNPpreliminaryworkcanstartwithoutdelay11.
NextAnaTarríotreatstheexhibitsintwelvechaptersthataboundin
eruditedetailand touchupon interesting topics,suchas,Poliziano’sdocta
varietasandthedevelopmentofRomancepoetryatthecourtofJoãoIIand
ManuelI(ch.5),Pliny,thegeographicnomenclatureofhumanism,andthe
conceptoftranslatioimperii(ch.6),thereceptionofRomanelegiacpoetry(ch.
9),PortuguesetranslationsofCicero(ch.10),andtheinfluenceofAntoniode
Nebrija on Portuguese studia humanitatis (ch. 11), to name but a few.
ThroughoutGarciadeResende’sCancioneirogeral(1516)anditspoetsplaya
pivotalrole.Entirelynew tomeare,admittedly, theuseofandreflections
concerning «imagética poética quinhentista» (ch. 8) and the «Quinto
Império»(ch.12).
But let us focus on the sections that discuss the three incunabula
earmarkedintheprologue.Chapter1—Aimportaçãodeimpressositalianose
aeducaçãohumanisticanascortesdeD.JoãoIIeD.ManuelI—features,tobegin
with,Inc.523.PrimarilythevolumeservestobuttressTarrío’snarrativethat
theimportofItalianbooksduringthelate15thandearly16thcenturiesshould
notbeoverlookedwhenconsideringtheimpactofGutenbergandhumanism
oneducationalreformsinPortugal.Inc.523isanunfortunatechoicethough,
asitisunlikelytohavearrivedinPortugalatanearlydate:thenoteatthe
endofthevolumedoesnotrecorditssaleinorimporttoLisbonaduringthe
renaissanceasTarríosuggestswithhertranscription,butconcernsTortonain
Piemonte, Italy. Various ex‐libris extant indicate, moreover, that the
incunabulum belonged to amonastery in this town throughout the early
modernperiod.12Incontrast,Tarríodoessucceedinaddressingthethemeof
10FERA(1983)21.11SeeLeitoresn.88;http://purl.pt/26240.Erasednotesontheflyleavescanonly
bestudiedinsitu.12SULMENDES(1988)n°1053.Areferencetoabookseller,inItalianandpossibly
18thc.,isrecordedatthebeg.ofbook2.Forotherexhibitseffectivelyneverhandledby
414
Recensõesenotíciasbibliográficas
Ágora.EstudosClássicosemDebate20(2018)
thischapterbydiscussingquitediligentlytheroyalbookpatronageandthe
librariesofPortugueseintellectuals,someofwhichwerewellstockedwith
works printed in Italy (21‐27). She highlights, for instance, the royal
concessions to (French)booksellers,and a coupleofhumanist editions in
Manuel I’spossession. JorgeVazdaCosta (d.1501)andhis classicaland
humanistbooksarealsointroduced,aswellasJoãoRodriguesSádeMeneses
andthetextsheusedforthecompositionofhisDePlatano(1527‐1537),and
CataldoSiculo,theinfluentialItalianpreceptoratthePortuguesecourtwho
undoubtedlyownedandpromotedtheeditionsofhishomeland.Someofher
arguments are more conclusive than others.Why, for instance, cite the
StatutesoftheBologneselibrarii(24)?Moreover,itoughttobeunderscored
that many books were presumably acquired in Italy, one of the main
destinationsoftheculturedandecclesiasticalPortugueseelite,andtherefore
not‘commercially’imported.Nonetheless,onthewholethissectionmakes
for interesting reading, especially when we take a closer look at the
annotationsinsomeofthevolumes.
Inc.832,containingtheHeroidesofOvidprintedinVenicein1492with
commentariesbyAntonioVolsco andUbertinoClerico, is at the centerof
attentioninthesecondchapter.Itdisplaysallthemarksofclassroomuseand
isagoodexampleofanItalianincunabulumhandledbyPortuguesestudents:
both textandhumanistcommentaryhavebeenannotated inLatinand the
vernacular.Tarrío’sanalysisoftheorthographyofthePortugueseglossesis
informed,andallowshertoassignadateclosetodeResende’sCancioneiro.
Unfortunatelyreadersoftencannoteasilycheckthepassagesdiscussed,and
whiletheassessmentofthehandwritingoftheannotators(30n.42)isfairly
unproblematic,thetranscriptionsprovidedinfootnotes53‐55,57‐61aretoo
oftenincorrectorinconsistent.Particularlydisconcertingisfootnote59which
dealswithgrammaticalglossing:thesecondannotatinghand(M2)writesa
perfectlyunderstandablesubmersus,butTarríonotes«[…]Did60M2nebibat
aequoreas naufragus hostis aquas ‘subjuntiva’, o anotador explica o valordo
termo‘ne’optativo[…]»!Bethatasitmay,Inc.832isindubitablyofsignify‐
canceforthehistoryofeducationinrenaissancePortugalandTarríohasfacili‐
Portuguese renaissance readers see comments to ch. 5 infra. The remaining items all
presumablydohaveafairlyearlyLusitanianprovenance;still,onlyInc.462’sprovenance
history canbe accurately reconstructed.Note: Ididnot consult thePlutarchvolumes
(ch.12).
Recensõesenotíciasbibliográficas
415
Ágora.EstudosClássicosemDebate20(2018)
tated future research.Hercontextualizationof theHeroides is, for instance,
ultimately of interest. She points out that it was mined by the poets
«alatinados»of theCancioneiro,andusedbyPoliziano’s formerpupilLuís
TeixeiratoteachLatintoManuelI’sson,thefuturekingJoãoIII.
AfterabriefappraisalofthereceptioninEuropeofeditionsofItalian
humanist commentarieson theClassics (ch.3), Inc.462, theTeixeira,and
D.Joãoreturntothestage(ch.4).Tarríosuggeststhat,afterTristãoTeixeira
haddiedin1497,oneofhisbrothersbroughttheincunabulumtoPortugal,
«juntamentecomoutrasediçõesdeautoreslatinosegregos,adquiridospelos
trêsirmãos».Whilethelatterclaimislikely,butnotproven,itisworthyof
notethat,accordingtoanearly17thcenturysource,LuísTeixeiraincludedin
hiscurriculumforD.João«algumacousadePlinio»—thatis,presumably,
theNaturalHistory.The impact ofPliny’s compendium and its humanist
editorialtraditiononworksbyothercourtiersis,moreover,evident.Tarrío
refers,forinstance,toMartimdeFigueiredo’sCommentuminPliniiNaturalis
Historiae Prologum (1529), one of the very few humanistic commentaries
printed in 16th century Portugal. She also highlights how Inc. 462 later
belongedtoGasparBarreiros(d.1574),anotherprominentintellectual.Thus
Teixeira’sPlinyprovidesnot only an excellent sample of thephilological
prowessofPoliziano—asVincenzoFerahasshown —,butalsoaninva‐
luablewitnesstohowhumanistreadingpracticesandmethodscouldtake
rootamongthemembersofPortugal’selite.Inc.462is,undeniably,oneof
themosteloquentitemsunlockedbythisexhibition(cf.ch.11;TARRÍO2007).
The epilogue is lengthy and theoretical. Tarrío recaps, firstly, the
scholarlydebateconcerning thechronologyofPortuguesehumanism.She
sideswithAméricodaCostaRamalho,designating theperiodbefore the
publication of de Figueiredo’s commentary the springtime of Lusitanian
studiahumanitatis.ButunlikeCostaRamalho,whopreferredasstartingpoint
Cataldo’sarrivalat the courtof João II in1485,Tarríoopts foragradual
timeline,foraprocess«[…]queremeteparaoséculoXVeassentanaprogres‐
sivamodificação[…]daformaçãodaselitesportuguesas.»(92).Secondlyshe
analyzeswithinthePortuguesecontextthetermhumanista,(imperial)civic
humanism, and philological humanism, concluding, ultimately, that the
commondenominator is educationoriginating from anew approach and
interpretationoftheClassicsandofthe«própriaAntiguidade,[…]deacordo
comasdemandasletradasdasdiferentescortes.»(90).Theclosingremarks
416
Recensõesenotíciasbibliográficas
Ágora.EstudosClássicosemDebate20(2018)
do paint, in view of the prologue’s emphasis on Italian models (11), a
somewhatmorediversifiedpicture:Italianhumanistcultureis,forinstance,
bedazzledbythePortuguesediscoveries(93),andconcerningthetranslator
poetsoftheCancioneiroTarríonotesthatitiskeytoavoid«ospontosdevista
excessivamenteitalo‐cêntricos»(95).
Tarrío has opted for a scholarly approach, and not to tailor the
publicationforabroadpublic.Theresultisaninformativebook,butnotan
easy read.Humanism inearlymodernEurope, thecommentary tradition,
Latin and the vernacular, these topics are treatedwith a certain ability.
Significantmaterialevidencefromtheexhibitsis,however,attimesignored,
or inaccurately described. The division of the chapters in paragraphs is,
moreover,ratherdisjointed:ontheonehandthissimplyisTarrío’sstyle,but
on the other it seems caused by inordinate cut‐and‐paste from earlier
publications.Thepressuretodeliverthecatalogueontimecanbesensedas
well:many references are lacking from the bibliography, onoccasion the
contentmatterofthenotesisinessential,theirdistributionarbitrary,orthey
contradict or duplicate text. Throughout inaccuracies have crept in, and
transcriptionshavenotbeenseriouslycheckedandaregenerallyunreliable.
Regrettably such flaws cannot but reduce the effective impact this
publicationwillhave,notwithstandingtheclearinterestofthemanytopics
it addresses. Inwhat follows, a selection of corrections and additions is
offeredthatwillhopefullyservereadersandresearchers.
Chapter1
1a)Tarríosuggests(25)thatManuelI’s«douslivrosdavydadePutraco
[…]depapel,espritodeletraredomda»(VITERBO(1901)15n°30)werecopiesof
FernándezdePalencia’sPlutarch translationprinted in Seville.The available
evidencedoes,however,pointinadifferentdirection.AnaBuescu(2007,158‐9)
emphasizesthatprinteditemsinManuel’sbooklistaredescribedas«[deletra]
de forma». In the records citedbyBuescu the specification«esprito»,usually
found in descriptions ofManuel’s parchment manuscripts, reappears twice
(VITERBO(1901)15‐16nos29,31).InthePlutarchentryespeciallythetypologyof
the letteror typefacestandsout:«redomda» (cf.also ID.,24n°3).Although it
seemswisetoultimatelyverifythereading–infact,amoderned.ofManuel’s
booklist is long overdue –, it is significant that Latin Plutarch editionswere
generallysetinaRoman,roundfont.Tarrío’svernacularSevillePlutarchis,on
thecontrary,inGothiccharacters.Tobesure,papermanuscriptsofPlutarchina
Recensõesenotíciasbibliográficas
417
Ágora.EstudosClássicosemDebate20(2018)
roundhumanistichandarealsoextant,eveniffewinnumber(PADE(2007)2pt.
III). 1b) ForManuel’s «liuro esprito em purgaminho que começa Lionardo
Aremtynoe faladecaualaria» (VITERBO (1901)22n°89)LeonardoBruni’sDe
militiaandhisOratioinfunereNanniStrozziarebettercandidatesthantheHistoria
florentinipopuliindicatedbyAnaBuescu(2007)164,ortheProhemiuminOrationes
HomeriproposedherebyTarrío.Thelatterfundamentallydealswiththeorator’s
art (THIERMANN (1993) 64‐69). Instead, the De militia and Oratio effectively
concerncavalaria,withBrunirejectingtheFrenchchivalricmodeofknighthood
andadvancinganewidealofcivicknighthood.Bothworksareextantinmany
copies,and theDemilitiahasbeen translated intoSpanish.Moreover,oneof
Bruni’smostpopularvernacularpieces,theOrationedettaaNicoloTolentino,has
asimilartheme;evenhisDeprimobellopunico,translatedintovariouslanguages
incl.Spanish,arguablyfitsManuel’svolume.Fromthisperspectivetheentryfirst
andforemostcallsforanexaminationofBruni’sconceptofcavalariawithinthe
Portuguese context. SeeHANKINS (1997) ad ind.; ID. (2006) 138‐39; ID. (2014);
JIMÉNEZSANCRISTÓBAL(2005)1234‐36;BRUNI,L.(MS.BNP,Il.41),Deprimobello
punico,VitaSertorii(parchm.,inItalian,pt.I,correctedbythescribeandtwoother
hands,oneofwhichusesmethodssimilartoBruni’sinthetop‐copyofhisLatin
text,Oxford,Bodl.,Laud.Misc.531,forwhichseeVANBINNEBEKE2012);BITAGAP
(1997‐2014).2)ForadditionsregardingD.JorgedaCostaseeinfra,commentsto
ch.5.3)Tarrío’sstatement(27)thatD.DiogodeSousaenrichedthenewlybuilt
libraryoftheSéofBragawithworksofclassicalandcontemporaryauthors,is
notsupportedbyCOSTA(1985)(cf.esp.ID.16),COSTA(1993)andNASCIMENTO
(1998),allcitedbyTarrío.
Chapter2
By1633Inc.832wascertainlyboundinwithInc.831and833(see«non
prohibitur[…]»notesInc.832,833).Thebindingisacoupleofgenerationsolder,
but probably not before 1576‐77 (cf. id. in Inc. 831). Whatever the exact
chronology,831and832rubbedshouldersfromanearlydateandwereusedby
thesamereader.Inc.831,discussedbrieflyinn.66andch.8,hasbeencutup—
quires are disassembled, texts imperfect—, but if complete it would have
containedtheHeroidesincl.theRescriptioofUlyssestoPenelope(cf.SULMENDES
(1988) n° 932; reprod. ISTC io00134000, v. 2, at 39(e7)b). This Rescriptio is
effectively the text translated by Sá deMeneses and discussed by Tarrío as
lackingfromInc.832’sedition.WhenandwhereInc.831wasdismembered,and
ifdeMenesesusedthisoryetanothereditionforhistranslation,willpresumably
remainamystery(cf.TARRÍO(2002)379).
418
Recensõesenotíciasbibliográficas
Ágora.EstudosClássicosemDebate20(2018)
Chapter3
1)This chapter openswith a briefdescription of Inc. 1432, aVenetian
editionof1493containingOvid’sHeroideswithcommentariesbyAntonioVolsco
andUbertinoClerico,Sappho,andOvid’sLiber in Ibinwithacommentaryby
DomizioCalderini(cf.82).Tarríomaintains(36)humanistcommentariesonthe
ClassicsmadePortuguesereaders—forinstanceofthepresentedition—aware
ofthe«condiçãoinstáveleprovisóriadafixaçãodeumtextoantigo».However,
shefailstoproduceconvincingevidence.CASELLA(1975)isrepeatedlycited,but
focussesprimarilyonthedevelopmentofthecommentators’understandingand
useoftexttransmission,showslittletonointerestinVolscoandUbertino,and
barelycommentson(general)readership.SurprisinglyTarríodoesnotreferto
MARIANO(1993),dealingwithVolsco’sHeroidescommentaryandhistreatment
ofvariants.Evenmoreremarkableisthefactthatshedoesnotdiscussanyofthe
readers’ notes in Inc. 1432. Thus she misses out on important, possibly
corroboratingevidence. Inc.1432,bound inwith Inc.1430and1431,hasbeen
annotatedthroughoutbyatleasttwohands.Onegenerallyaddsindexingnotes
(Leitores, fig. 3), but there are alsomarginal references to Giovanni Tortelli,
Petrarch,eventoJakobLocher’sLatintranslationofBrant’sNarrenschif(1sted.
1497).Themarginalreference«vid.Absteniumfo.6.»toOvid’sIbisisofspecial
interestinthepresentcontext:Itundoubtedlysignalsacriticalreaderwhohad
access toLorenzoAbstemio’sLibriduodequibusdam locisobscurisOvidii in Ibin
(ed.Venice,ca.1494).Oneproblemremains:WasInc.1432reallyinPortugalin
theperiodunderdiscussion;aretheannotatorsPortuguese?Tobesure,sofarI
havenotbeenabletolocateasinglecopyofAbstemio’sworkinaPortuguese
collection.Cf.alsomycommenttochapter6,infra.2)Thefootnotesinthissection
areoftenunclear:Whyreferinn.70andn.72toInc.832ifInc.1432,discussedin
thischapter,containsthesameedition(35);whatisthesenseandmeaningofn.
74(whichPropertiusedition,andwhoisB.Pecci?),orofn.75;whyreferinn.76
toInc.1432,etc.etc.?3)(38)ReadInIbinnotInIbis!
Chapter4
ConcerningInc.462note:1)Theinscription«Car.XIIIJ»,oppositeandin
the same hand as the ex‐libris «De Tristam Teix[eira]» (fol. I)may be a call
number and reflect a practice inaugurated by Coluccio Salutati (d. 1406).
Coluccio’sPliny(Oxford,Bodl.,Auct.T.I.27+BnF,lat.6798),theso‐calledCodex
regiususedbyPolizianoduringhislecturesandunfortunatelynowacephalous,
probablyhadacomparablenote(cf.TARRÍO2007,103;VANBINNEBEKE(2009‐10)
esp.2,app.n°12).2)Ascriptionandchronologyofthemarginalapparatusawait
Recensõesenotíciasbibliográficas
419
Ágora.EstudosClássicosemDebate20(2018)
clarification.Itisevident,though,thattheannotationsillustratetheintensityof
Poliziano’s seven months’ curriculum; his presence undoubtedly had a
galvanizingeffectonhisstudents.Asnoted,thehandsoftheex‐librisandofthe
SvetoniusrecollectainNaples—notintheBibliotecaMedicea(40)!—reappear
in the incunabulum.They constitute,at firstglance, twodistinct corporawith
respecttoinkandductus.Preliminaryexaminationsindicate,nonetheless,thata
singlehandmayberesponsible.Asamatteroffact,itwouldnotbesurprisingto
see the handwriting of Tristão develop considerably, even mature, under
Poliziano’sguidance.ThehandsofÁlvaroandLuísprobablyfeatureinInc.462
aswell—bothattendedthecourseandpresumablyalsohandledthebookafter
Tristão’sprematurepassing.Toconsidercarefully,therefore,i.a.:a)ANTT,CC,
II‐115‐178 (autogr.Luís,1524);b)BNP,Res.1000A1‐3 (notseen),acc. toSylvie
Deswarte‐Rosal (2016) 94 n. 34, owned by Luís and with a note possibly
contemporarytohisownership;c)Rome,IPSAR,Ms.S.VI.8(notseen;?autogr.
Álvaro,1528).3)ForfurthervolumesownedbyGasparBarreiros(cf.42),another
possibleannotator,see:SULMENDES(1995)1.1191,p.338(BPADE,Inc.131;not
seen);PINAMARTINS(1994)nos62,82,89(RES558V:annotationsintwohands,
oneagoodItalic,butneithercertainlyBarreiros).
Chapter5
1) Léon Brancas de Lauraguais owned Inc. 146 (cf. the 18th c., French
bookplate),theSaint‐LôprioryinRouenInc.1036(a.1655;SULMENDES(1988)
n°1066),andLeonisdePinaeMendonça,a17thc.intellectualfromGuarda,Inc.
1035(ID.n°1065).Hence,Inc.1035istheonlyincunabulumtohavepossiblybeen
inPortugalinthe16thc.2)UnsurprisinglyPoliziano’sEp.VIII,13,addressedto
thebishopofSilvesD.JorgedaCosta,hasnotbeencited inchapters1and5.
Indeed, hitherto it has been overlooked byPortuguese historians, even if an
importantkeytounderstandingdaCosta’sbookcollecting(cf.27n.24),andPoli‐
ziano’sinfluenceonPortuguesehumanism.SeeineffectOLIVA(2006).3)Tarrío
errsrepeatedlyinn.24:forGiovanniBattistaAlbertireadLeonBattista—;not
Flavio Biondo’s Italia illustrata is listed in the Braga inventory but his Roma
triumphans(undoubtedlytheed.Brescia:Bart.Vercellensis,1482;cf.COSTA(1985)
n°160);theinventorydoeslisttheworksofLorenzoVallaandFrancescoFilelfo
(cf.ID.39,nos17,268).
Chapter6
AlthoughthenumberofannotatorsactiveinInc.992istobeconfirmed,
thescholaraddingthenoteBracarorumprobablydidsoafter1531:inchapter14
420
Recensõesenotíciasbibliográficas
Ágora.EstudosClássicosemDebate20(2018)
ofbook3hereferstoanemendationinBeatusRhenanus’sRerumgermanicarum
first issued in that year (CTC (1960‐2014) 4.367; a copy of the 1st ed. isBNP,
RES.2370//2A).Othermarginaliacite,i.a.,Budaeus’popularDeasse—firstissued
in1515—,andHomer;severalareinagoodGreekhand.Also,aspecialistought
toexaminestyleandiconographyofthefineilluminatedinitialofLb.1,app.not
recorded in the scholarly literature.Remarkable, inparticular, is thenecklace
wornbytheprincipleornamentalfigure.
Chapter7
1)Petrarch,ratherthanLivy,mayeffectivelyprovidetheidealbackdrop
to the Cancioneiro composition «Soube vencer etc.» by Sá deMeneses. The
Florentine,exemplarypoetandintellectual,usedLiv.22.51.4(book12referred
tobyTarrío,isnotextant!)forthefirstlinesofRVF103andtheopeningofEp.
fam. 3.3 (PETRARCA (1993) 16—17). Both sonnet and letter are transmitted in
manuscriptandprint,withSebastianBrant’s1496Baseled.theonlypre—1500
witnesstothesetextsatpresentpreservedinPortugal.ThecopiesBNP,Inc.68
andBPADE,Inc.179mayeventuallybeofinterest:SULMENDES(1988)n°996(n°
995,prob.onlyarrivedinthecountryafter1694);ID.(1995)1.1403.2)Inviewof
Tarrío’sexaminationofInc.832inchapter2itseemsrelevanttopointoutthat
Inc. 524, discussed in this section, preserves 16th c. marginalia relating to
grammar, textcorrection,meaningandhistoricalcontent.Theyarebyseveral
readers, and some notes are in Portuguese and/or Spanish (e.g. Liv. 1.38.2:
utensilia/«alfayas»,forwhichseeFRANCHINI(1993)194;Cancioneiro(1910—1917)
2.350).Ona fewpagesan intriguingsystemofmarginal reference lettersand
symbolshasbeenaddedthatremainstobedecoded.3)ThebindingofInc.524
sharescharacteristicswiththeoneofInc.1035(ch.5).
Chapter10
Tarrío’sreference(57)toCOSTA(1985)isinjudicious.Asamatteroffact,
itemn°16ofthe1612inventoryoftheSéofBragathatCostacommentsupon,the
«[…]livrodeletraimpresa,queseintitullaSomniumScipionisexCiceronislibro
deRepublica excerptum, imresso emBellonhano,digo impressonoannode
148…», isnotacopyofCicero,butofMacrobiusandundoubtedlyoneof the
editions issued in Brescia in the 1480s per Boninum de Boninis (cf. ISTC).
Presumablythecompileroftheinventorymisunderstoodthenameoftheprinter
forthecityofproduction(Bononis/Bononia).Thetitlealsofitseachofthe1480s
editions Boninus prepared; only the imprecise date of impression cannot be
Recensõesenotíciasbibliográficas
421
Ágora.EstudosClássicosemDebate20(2018)
readilyexplained.InPortugalseveralexemplarsofBoninus’editionsareextant,
forwhichseeSULMENDES(1988)nos802—804,andID.(1995)1.1138—1139.
Chapter11
1)Theannotation in Inc.462discussedbyTarrío (61)actually reads .c.
procul dubio cibo duo, andwhether the reader – one of the Teixeira—was
interestedinmedicineorpharmacyis,parconsequence,nottheissue.Thenote,
accompanyingPlin.,Nat.20.211prociduo(inn.132Tarríoonlyprovidesthequire
signature;indicationofeitherpassageorBNPe‐copyimage335wouldhavebeen
helpful),simply relates toPoliziano’smethodologyand teaching:heused the
siglum “c” for readings from theCodex regiuswhichhe examinedduringhis
classes(seesupra;FERAinLeitores;TARRÍO2007)!2)Confusingare,moreover,the
referencesinn.132andthetexttothemarginaliapleureticis,inguinariaargemon,
etc.Are thesenotes tobe found in Inc.462or in Inc.1483,andwhichNatural
Historypassagesaretheseannotationstiedto?!3)Thereferenceonp.62toInc.
523isirrelevant–cf.mycommentssupra.
Chapter12
For a comprehensive discussion of the historiographic conceptQuinto
ImpérioseeTRAVASSOSVALDEZ(2011)17‐32,38‐42,318‐319.
Catálogodeexemplares
1:CIBNLisboanosgiveninthiscatalogueareactuallythoseofanotherpublication,
thatisSULMENDES1995.2)AtCat.n°10readInc.992,notInc.922.
Lit.:13
BITAGAP(1997‐2014),BibliografiadeTextosAntigosGalegosePortugueses.Berkeley,
Regents of the University of California (http://bancroft.berkeley.edu/
philobiblon/bitagap_en.html)
BUESCU,A.(2007),“Livrose livrariasdereisepríncipesentreosséculosXVe
XVI.Algumasnotas”:eHumanista8(2007)143‐170*
Cancioneiro(1910‐1917),CancioneiroGeraldeGarciadeResende.Ed.A.J.Gonçálves
GUIMARÃES.5vols.Coimbra,Impr.daUniversidade.
CASELLA,M.T. (1975), “Ilmetodo dei commentatori umanistici esemplato sul
Beroaldo”:Studimedievalis.316.2(1975)627‐701*
COSTA,A.Jesusda(1985),AbibliotecaeotesourodaSédeBraganosséculosXVa
XVII.Braga,s.n.*
13Titlesfollowedbya*arecitedinLeitores(cf.101‐107).
422
Recensõesenotíciasbibliográficas
Ágora.EstudosClássicosemDebate20(2018)
COSTA,A.Jesusda(1993),“D.DiogodeSousa,novofundadordeBragaegrande
mecenasdecultura”:HomenagemàArquidiocesePrimaznos900anosdadedicação
daCatedral,Braga,4‐5v1990.Lisboa,AHP,15‐117*
CTC (1960‐2014), Catalogus Translationum et Commentariorum.Mediaeval and
Renaissance Latin Translations and Commentaries. Annotated Lists and
Guides.10vols.Toronto,PIMS*
DESWARTE‐ROSAL,S.(2016),“SousladictéedelaSibylle.ÉpigraphieetPoésie.Un
exemplairedesEpigrammataAntiquaeUrbisannotéparAndrédeResendeet
FranciscodeHolanda”:G.GONZÁLEZGERMAIN (coord.),Peregrinationes ad
inscriptiones colligendas. Estudios sobre epigrafia de tradición manuscrita.
Barcelona,UAB,73‐134
FERA,V. (1983),Una ignotaExpositioSuetonidelPoliziano.Messina,Centrodi
StudiUmanistici*
FRANCHINI,E.(1993),Elmanuscrito,lalenguayelserliterariodelaRazóndeAmor.
Madrid,CSIC
HANKINS, J. (1997), Repertorium brunianum:A CriticalGuide to theWritings of
LeonardoBruni,Roma,ISIME
HANKINS,J.(2006),“ThePopularizationofHumanismintheFifteenthCentury.
TheWritings of Leonardo Bruni in Latin and theVernacular”: L.NAUTA
(coord.),LanguageandCulturalChange.AspectsoftheStudyandUseofLanguage
intheLaterMiddleAgesandtheRenaissance.Leuven,Peeters,133‐147
HANKINS, J. (2014), “Civic Knighthood in the Early Renaissance: Leonardo
Bruni’sDemilitia(ca.1420)”:Noctua1.2(2014)260‐82
ISTC, Incunabula Short Title Catalogue, London, The British Library Board
(http://istc.bl.uk/)
JIMÉNEZSANCRISTÓBAL,M.(2005),“ElisagogiconmoralisdisciplinaedeLeonardo
BruniAretinoysudifusiónenEspaña:notasparaelestudiodedosversiones
castellanascuatrocentistas”:P.P.CONDEPARRADO,I.VELÁZQUEZ(coord.),La
filologíalatina.Milañosmás.Burgos:ILCYL/Madrid:SELat,1225‐1242
MARIANO, B.M. “«Antonii Volsci Expositiones in Heroidas Ovidii»: Alcuni
appunti”:Aevum57.1(1993)105‐112.
NASCIMENTO,A.A. (1998), “D.Diogo de Sousa (1460‐1532), bispo do Porto,
homemdelivroseleitordeSavonarola”:Humanitas50(1998)701‐708*
OLIVA, A. M. (2006), “Breve nota su Jorge da Costa fratello del cardinale
lusitano”:RomanelRinascimentos.n.(2006)75‐86
PADE,M.(2007),TheReceptionofPlutarch’sLivesinFifteenth‐CenturyItaly.2vols.
Copenhagen,MuseumTusculanum*
Recensõesenotíciasbibliográficas
423
Ágora.EstudosClássicosemDebate20(2018)
PETRARCA, Francesco (1993), Le familiari. Libro terzo. DOTTI, U. (ed.). Roma,
ArchivioIzzi,
PINAMARTINS, J.V. de (coord.) (1994), Edições aldinas da BN séculosXV‐XVI.
Lisboa,BNP
POLITIANUS,Angelus (1498),Omnia opera Angeli Politiani […]. Ed.Alexander
Sartius.Venezia,AldusManutius(ISTCip00886000).ReprintRoma,Editrice
Bibliopola,s.d.[1968]
SULMENDES,M.V.(coord.)(1988),CatálogodeincunábulosdaBibliotecaNacional.
Lisboa,BNP*
SULMENDES,M. V. (coord.) (1995),Os incunábulos das bibliotecas portuguesas.
2vols.Lisboa,Sec.EstadodaCultura/Inst.BNPedoLivro.
TARRÍO, A. M. S. (2002), “O obscuro fidalgo João Rodrigues de Lucena”:
Euphrosyne.RevistadeFilologiaClássica30(2002),371‐384*
TARRÍO,A.M.S.(2007),“OCommentumdeMartinhodeFigueiredo(1529)eas
lições plinianas de Poliziano (Naturalis Historia, Bodleian Library Auct.
Q.1.2)”:A.A.NASCIMENTO (coord.),Osclássicosnotempo:PlíniooVelho,eo
HumanismoPortuguês.ActasdoColóquioInternacional,Lisboa,31iii2006.Lisboa:
CEC‐FLUL,95‐110*
THIERMANN,P.(1993),DieOrationesHomeridesLeonardoBruniAretino.Kritische
Edition der lateinischen und kastilianischen Übersetzung mit Prolegomena und
Kommentar.Leiden,Brill*
TRAVASSOSVALDEZ,M.A.(2011),HistoricalInterpretationsofthe“FifthEmpire”:
theDynamicsofPeriodizationfromDanieltoAntónioVieira,S.J.Leiden,Brill
VAN BINNEBEKE, X. (2009‐10), “Manoscritti di Coluccio Salutati nella
StadtbibliothekdiNorimberga”:Studimedievalieumanistici7(2009‐10)1‐28
VANBINNEBEKE,X. (2012), “Autograph corrections and ahithertounrecorded
dedicationbyLeonardoBruniinaBodleiancopyoftheDeprimobellopunico”:
X.vanBinnebeke,SixContributions toFlorentineHumanism fromSalutati to
Poliziano.Messina,Univ.(unpublishedPh.D.thesis),51‐71
VITERBO, F. Sousa (1901), “A livraria real especialmente no reinado de
D.Manuel”:HistóriaeMemóriasdaAcademiaRealdasSciênciasdeLisboa,Classe
deSciênciasMoraes,n.s.,9.1(1901),sep.*